10/05/2015

A história por trás de “Blood on the Dance Floor”



Em 6 de Junho de 1990, produtor e músico Teddy Riley era suposto estar na festa de aniversário do seu amigo e companheiro de banda, em vez disso, passou a noite no Soundworks Studio na 23rd Avenue in Queens, a trabalhar tópicos para ninguém menos que o Rei do Pop, Michael Jackson.

"Eu disse (ao grupo) que tinha muito trabalho a fazer", lembra Riley. "Michael era a minha prioridade. Eu ia para a Califórnia para me encontrar com ele em breve, e ele queria que eu levasse o meu melhor trabalho."

Foi uma decisão fortuita.

Mais tarde, naquela mesma noite, Riley descobriu que alguém tinha sido baleado na pista de dança na festa que ele tinha dispensado, ele ficou abalado. Com apenas 23 anos, a violência e a morte já se tinham tornado um tema recorrente na sua vida. No mesmo ano, seu meio-irmão e o melhor amigo ambos tinham sido assassinados.

Riley ficou impressionado ao saber o título da faixa de Michael: "Blood on the Dance Floor" [Sangue na pista de dança]

"Ele sabia do que se tratava mesmo antes de eu lhe contar o que aconteceu naquela noite."

O ritmo da canção em que Riley trabalhou naquela noite era agressivo, sinistro, ameaçador. Mas não tinha letra, título ou melodia.

No sábado seguinte, ele estava a caminho do Rancho Neverland para se encontrar com Michael. Riley estava nervoso. Michael já tinha experimentado algumas pessoas para substituir o lendário produtor Quincy Jones, incluindo LA Reid, Babyface e Bryan Loren. Ninguém ficou.

Michael Jackson tinha grandes expectativas para Teddy Riley, cujo estilo New Jack Swing inspirado nas ruas, fundia brilhantemente jazz, gospel, R & B e hip hop. Na verdade, talvez a sua maior conquista foi a criação de uma ponte que liga o R & B e hip hop, uma ponte que Michael estava tentando encontrar desde Bad.

Michael ouviu atentamente as fitas que Riley trouxe e imediatamente gostou do que ouviu. As músicas utilizavam acordes diferentes ao qual ele estava acostumado. Os ritmos eram frescos e inquietos. As batidas abriam com velocidade e atingiam como um martelo.

Entre as várias faixas que Michael ouviu naquele dia, estava a que Riley criou na noite da festa. Michael não tinha ideia do contexto. "Ele não sabia nada sobre isso", lembra Riley. "Eu nunca lhe disse nada sobre isso."

Duas semanas mais tarde, no entanto, Riley disse que ficou impressionado ao saber que Michael escolheu o título para o tema. "Blood on the Dance Floor" Riley ficou arrepiado. "Foi como se ele tivesse profetizado essa canção. Ele sentiu a sua atmosfera ".

Nos meses seguintes, Michael e Riley começaram a trabalhar numa variedade de faixas, às vezes separados, outras vezes juntos no Larrabee Studios em Los Angeles. "Lembro-me que ele voltou com esta melodia, 'Blood on the dance floor, blood on the dance floor." Eu pensei Uau! Ele surgiu com esta letra e harmonias. Então nós começamos a construi-la, camada por camada.


Riley usou uma máquina de ritmos de bateria antiga (a MPC 3000) para as batidas. O tambor é comprimido para que o som salte como uma pequena explosão ("Eu quero-o seco e no teu rosto," costumava dizer Michael). Era um som que é utilizado ao longo de Dangerous. "Ouça ‘Remember the Time’ ", disse Riley. "É muito similar."

Em última análise, porém, "Blood on the Dance Floor" não foi incluída em Dangerous. “Não estava completamente acabado", disse Riley. "Faltavam ainda algumas partes vocais. Michael adorava a música, mas ao ouvi-la, disse: 'Eu gosto do que fizeste aqui, mas ainda precisamos disto aqui. "Ele era um perfeccionista."

Como as sessões de Dangerous continuavam, outras faixas começaram a ter prioridade, incluindo "Remember the Time" e "In The Closet". Michael não voltou a trabalhar em "Blood on the Dance Floor" até quase sete anos depois. Estávamos em Janeiro de 1997. Michael estava no meio de sua HIStory World Tour e decidiu visitar Montreux, na Suíça, durante um intervalo entre a primeira e a segunda parte da turné (segundo informações da imprensa , enquanto ele estava lá, ele também tentou comprar a casa de seu ídolo de longa data, Charlie Chaplin).

Aqui, no Mountain Studio, Michael trabalhou na antiga demo. "Levamos a DAT de Teddy (fita de áudio digital), e trabalhamos nela com uma equipe de quatro pessoas", lembra o músico Brad Buxer. A multi-faixa completa, projetada e misturada pelo engenheiro Mick Guzauski, foi modelada muito semelhante à última versão que Michael e Teddy gravaram.

"Quando a ouvi acabada, desejei ter sido eu a completa-la”, lembra Riley. "Mas Michael sabe o que quer, e estava contente com ela."

Era de certa forma uma incomum música de dança. Como "Billie Jean", o seu tema era sombrio e perturbador (neste caso, uma narrativa sobre ser esfaqueado nas costas, no lugar menos esperado, a pista de dança). Os vocais curtos e ásperos de Michael evocam um sensação de mau agouro, enquanto a tela electro-industrial evoca um ambiente urbano moderno. Ainda assim, a canção não é de todo sombria. A batida partia dos altifalantes como um chicote e o gancho é irresistível.

Michael disse a Teddy que acreditava que a música ia ser um "smash" [um sucesso estrondoso]. "Ele explicou assim: Um hit é uma canção que permanece nas paradas por uma semana ou duas. Um smash é uma música que permanece lá por seis semanas ", disse Riley. "Ele sentiu que 'Blood on the Dance Floor" era um ‘smash’.”

"Blood on the Dance Floor" foi lançado em 21 de Março de 1997. Estranhamente, a canção não foi promovida como single nos Estados Unidos.

Riley disse que Michael não se importou neste caso. "Ele imaginou que as pessoas na América iriam encontrá-lo, se realmente o quisessem. Ele não estava preocupado com isso." No entanto, a nível global, a canção prosperou, alcançando o Top Ten em 15 países e alcançando o número 1 em 3 (incluindo o Reino Unido).

Foi também material para fazer remixes e muitas vezes tocado em clubes e coreografias. Deixado de lado pelos dois grandes álbuns de estúdio de Michael daquela década, "Blood" tornou-se ironicamente, uma das canções com ritmo mais durável dos anos 90.

Quinze anos depois, o que torna a canção única? Perguntei a Riley. "Foi apenas um som direto, agressivo para Michael. Ele sempre buscou algo mais forte. Mas o que é realmente surpreendente é como ele premeditou a energia da canção. Ele sabia do que se tratava, mesmo antes de eu lhe contar o que aconteceu naquela noite. Eu nunca testemunhei nada nem ninguém tão poderoso quanto Michael. "

Original em Inglês: The Atlantic.com



3 comentários:

  1. Nida é muito interessante essa matéria e é muito importante que juntos possamos passar adiante as verdades e maravilhas sobre esse fenômeno chamado Michael Jackson!!
    Estou repassando com muito orgulho e com os devidos créditos.
    Parabéns por seu empenho em prol de Michael e por sua solidariedade em tornar o seu trabalho útil na propagação do Legado de Michael!
    Seu blog está lindo e repleto de maravilhas!

    It's All For LOVE

    Bjsss..

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    Respostas
    1. Muito interessante mesmo, Maíra! Michael tinha uma linha direta a um conhecimento que nem todos temos...

      Obrigada pela suas palavras, que lhe cabem também a si, dado que a nossa luta é a mesma. É nossa missão consciencializar as pessoas para quem foi Michael Jackson.
      Não só um dos maiores artistas que este mundo já viu, mas também um ser humano maravilhoso.

      Beijinho ♥

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  2. This is it Nida!
    Se todos os fãs, sem exceção, se conscientizassem do porquê estamos aqui, muitos dos nossos objetivos já teriam sido concretizados em prol de Michael, né?
    ...muito mais pessoas já estariam conscientes de quem realmente é Michael Jackson.
    É uma pena que muitos fãs ainda não se conscientizaram que aqui nesse mundo de Michael, todos somos um, com os mesmos propósitos.
    Mas, muitos de nós continuamos fazendo a nossa parte, com amor e doação, e assim..vamos chegando lá, não é mesmo!! \o/

    Bjãooo
    LOVE

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