Como você conheceu Michael?
A primeira vez que encontrei Michael estava no set de Smooth Criminal. Fiquei encantando ao vê-lo dançar tão de perto. Ele tinha um nível de dança completamente diferente de todos e colocava o corpo e a alma cada vez que o diretor dizia 'ação'. Eu tinha acabado de mudar para Hollywood, cerca de três semanas antes das audições de Smooth. Fiz o teste e consegui o emprego. Não entendi a magnitude daquilo tudo até subir ao palco. Isso mudou a minha vida.
Michael era exigente nas turnês?
Os ensaios eram muito difíceis. Como dançarino de shows, estou acostumado a ensaios duros, mas era mais do que isso. Fazíamos ensaios gerais com o figurino completo três vezes por dia durante seis semanas. O pensamento de Michael era que, se podemos fazê-lo três vezes ao dia, por que só uma. Michael gostava de aprender as coreografias lentamente e repetir, repetir e repetir. Ele gostava de fazer os passos sem pensar sobre eles e inseri-los em sua performance. Ele amava os ensaios e lutava para sair tudo perfeito.
Como foi a transição de coreógrafo para amigo do Rei do Pop?
Fiz essa transição sem perceber. Durante os mais de 23 anos de trabalho sempre falávamos abertamente sobre tudo e qualquer assunto. Havia uma relação de confiança e em tratar os outros como você gostaria de ser tratado. Sabíamos que nossos segredos estariam seguros um com o outro e isso é uma sensação incrível para com um amigo. Sinto sua falta profundamente.
O que aprendeu com ele?
Algo realmente importante na verdadeira arte: deixar o ego de lado, trabalhar com todos e ser capaz de aprender. É difícil e ainda estou trabalhando nisso... Sou humano.
Qual o maior legado dele?
Seus filhos, mas para o mundo do entretenimento será a sua música e a maneira como ele revolucionou a dança. Michael mudou a dança e a forma como a dança é vista na face deste planeta.
Conte um momento inesquecível ao lado de Michael.
É quase impossível apontar um momento memorável ao lado de Michael, porque há tantos momentos sérios e outros engraçados. Algo que fica na minha mente é sua euforia quando tinha uma ideia ou um passo de dança. Ele era como uma criança no Natal. Novas ideias eram muito preciosas para ele porque ele sempre acreditou que seus fãs mereciam o seu melhor trabalho. E sobre quem ele era realmente, teve uma vez, durante um ensaio em que eu usava um figurino que explodiu no início do número e, sem saber, peguei fogo. De repente vejo Michael correndo em minha direção batendo o fogo das minhas costas. Fiquei deitado olhando a fumaça subir e ele perguntando: 'Você não sabia que estava pegando fogo?.. Nossa, estava mesmo curtindo o momento'. E depois morremos de rir. E certa vez fiquei duas semanas no rancho Neverland apenas dançando, com o estúdio aberto por 24 horas. Tudo o que precisávamos estava lá e se ele não estivesse presente, se certificava de que alguém nos atenderia. Ele era o generoso, amoroso, engraçado e ótimo para se estar ao redor. Gostaria que o mundo soubesse que ele era um grande homem. Ele me ensinou que a dança é um dom, e esse dom requer muita responsabilidade. Você tem que compartilhar esse dom, e ele compartilhou comigo o seu dom da dança e da música. Eu tento fazer isso agora com alguém que realmente queira saber.
Como sentiu a perda de Michael?
Perder um ente querido é sempre triste e doloroso e foi devastador. Realmente tive que descobrir a forma adequada de me lamentar e continuar a honrar o seu legado. Michael me deu tanta informação e é um prazer compartilhar o conhecimento. Michael me mostrou como me apresentar no palco e na frente da câmera, e muitas maneiras de abordar a criatividade. Eu sou superabençoado.
Há artistas que imitam Michael no mundo inteiro, o que chamou sua atenção em Rodrigo Teaser?
Ele tem uma coisa que sempre procurei, o talento e o desejo de homenagear Michael da melhor maneira possível, quase lúdica. Sou grato por Rodrigo ter me chamado para honrar a autenticidade que eu trago para seu projeto. A arte de Michael vive em Rodrigo e sei que as pessoas vão se surpreender.
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