Hoje faz 5 anos que os 12 componentes do júri unanimemente inocentaram Michael Jackson das várias acusações de abuso sexual, conspiração e de oferecer bebidas alcoólicas a um menor de idade. É difícil saber como a história se vai lembrar do julgamento de Michael Jackson. Talvez como o resumo do que é a obsessão ocidental por suas celebridades. Talvez como um linchamento do século 21. Pessoalmente, eu acho que vai ser lembrado como um dos episódios mais vergonhosos da história do jornalismo.
Não é, até nos encontramos procurando nos arquivos dos jornais e revendo horas de cobertura televisiva, é que realmente compreendemos a magnitude das falhas da comunicação social. E isso aconteceu na indústria toda. Sem dúvida, houve alguns repórteres e até algumas publicações e emissoras de TV que favoreceram abertamente a promotoria, mas muitas das deficiências dos meios de comunicação foram institucionais. Numa comunicação social obcecada por sensacionalismo, como se pode reduzir 8 horas de testemunho em duas frases e continuar a ser preciso? Numa era de notícias imediatas e blogs instantâneos, como resistir à tentação de na primeira oportunidade, sair correndo da sala de tribunal para divulgar as últimas notícias sobre as impudicas alegações, mesmo que isso signifique perder uma parte do testemunho do dia?
Analisando o julgamento de Michael Jackson, eu vejo uma comunicação social fora de controle. A enorme quantidade de propagandas, preconceito, distorções e informações erradas vai além da compreensão. Lendo as transcrições do tribunal e comparando-as com as edições dos jornais, o julgamento que foi retransmitido para nós não parece nem a lembrança do julgamento que realmente aconteceu dentro do tribunal. As transcrições mostram uma promotoria promovendo um desfile enorme de sórdidas testemunhas de acusação cometendo perjúrios a toda hora e desmoronando-se sob interrogatório. Os jornais e a TV detalham dia após dia, acusações hediondas e insinuações sinistras.
Era 18 de Novembro de 2003 quando 70 polícias entraram no rancho Neverland, de Michael Jackson. Assim que a notícia da incursão foi divulgada, canais de TV abandonaram as suas programações e começaram uma cobertura 24 horas. Quando a notícia de que Jackson havia sido acusado de abuso sexual pelo jovem sobrevivente de cancro, Gavin Arvizo, o garoto que ficou famoso por segurar a mão do cantor no documentário de Martin Bashir "Living With Michael Jackson" surgiu, a comunicação social ultrapassou tudo. As emissoras ficaram tão obcecadas pelo "escândalo Jackson", que um ataque terrorista na Turquia quase não foi noticiado, com apenas a CNN se dando ao trabalho de transmitir a conferência de imprensa de George Bush e Tony Blair sobre o desastre.
As três maiores redes de TV dos EUA imediatamente começaram a transmitir especiais de uma hora sobre o caso Jackson, aparentemente implacáveis pelo fato de que ainda não se sabia nada sobre as acusações e os promotores não estavam respondendo a perguntas. A CBS dedicou um episódio de 48 horas sobre a prisão de Jackson, enquanto a NBC e a ABC também exibiam especiais sobre Jackson. Dois dias após a incursão a Neverland, e antes de Jackson ter sido preso, o VH1 anunciava um documentário de meia hora chamado "O Escândalo Sexual de Michael Jackson".
O Daily Variety descreveu a história como sendo "uma dádiva para… os meios de comunicação, principalmente os canais de TV de cabo e as emissoras locais que queriam ultrapassar a audiência de Nielsen."
O Daily Variety estava certo. Todos os programas dedicados a celebridades se dedicaram apenas à história de Jackson. Os índices de audiência estavam 10% mais altos quando comparados com a semana anterior. O Entertainment Tonight e o Extra Booth alcançaram a melhor audiência da temporada e o Celebrity Justice celebrou um aumento de 8%.
Os jornais reagiram tão histericamente quanto os canais de TV. "Tarado!" gritava a edição do New York Daily News. "Jacko: Agora saia dessa!" exclamava o New York Post.
O The Sun - o maior jornal britânico - escreveu um artigo intitulado "He's Bad, He's Dangerous, He's History" (Ele é Mau, Ele é Perigoso, Ele é Historia). O artigo divulgava Jackson como um "ex-negro" e um "ex-astro", uma "aberração" e um "indivíduo pervertido" e clamava para que seus filhos fossem tirados dele. "Se ele não fosse um ídolo pop com pilhas de dinheiro" dizia, "ele já teria sido preso há muitos anos".
Encorajados pelos índices de audiência que o escândalo Jackson produziu, a comunicação social fizeram a sua missão sugando do caso tudo o que podiam. Tom Sinclair, da Entertainment Weekly escreveu:
"Especialistas da comunicação social desde o mais reles repórter tabloide até ao jornalismo mais respeitado, está em êxtase, lutando para preencher cada centímetro das colunas dos jornais e tempo de antena com furos e pessoas dando opiniões sobre o caso Jackson".
Enquanto a comunicação social estava ocupada insistindo numa tropa de charlatões e "amigos distantes", que tinham a sua opinião a respeito do escândalo, a equipe de promotores por trás das investigações de Jackson estavam apresentando um comportamento bastante questionável - mas a comunicação social não parecia importar-se.
Durante a incursão a Neverland, o advogado do distrito, Tom Sneddon - o promotor que perseguiu Jackson em 1993, sem sucesso - e os seus oficiais violaram os termos do seu próprio mandado de busca, entrando no escritório de Jackson e apreendendo uma série de documentos comerciais totalmente irrelevantes. Eles também entraram ilegalmente no escritório de uma equipe de detetives particulares que estavam a trabalhar na defesa de Jackson, e levaram documentos da defesa, da casa do assistente pessoal do cantor.
Sneddon também pareceu estar adulterando, com elementos fundamentais do seu caso, provas que surgiam para minimizar as alegações da família Arvizo. Por exemplo, quando o DA descobriu duas fitas com uma entrevista na qual toda a família Arvizo defendia Jackson e negava qualquer abuso, ele apresentou a alegação de conspiração e disse que eles haviam sido forçados a mentir contra sua vontade.
Um outro caso semelhante: o advogado de Jackson, Mark Geragos apareceu na NBC em janeiro de 2004 e anunciou que o cantor tinha um álibi incontestável para as datas nas folhas de acusação; quando Jackson se apresentou novamente em Abril para responder às acusações de conspiração, as datas do suposto “abuso” haviam sido mudadas para quase duas semanas depois.
Sneddon foi mais tarde apanhado a tentar implantar impressões digitais contra Jackson, deixando Gavin Arvizo manusear revistas pornográficas durante as audições do grande júri, ensaco-as depois, para serem enviadas para análise de impressões digitais
Não só a maioria dos meios de comunicação social ignorou esta enxurrada de comportamentos questionáveis e ocasionalmente ilegais por parte da promotoria, como pareceu perfeitamente satisfeita em perpetuar a propaganda condenatória em nome da promotoria, apesar de uma completa falta de evidências mais contundentes. Por exemplo, Diane Dimond apareceu no Larry King Live dias após a prisão de Jackson e falou repetidamente sobre uma “pilha de cartas de amor” que o astro teria supostamente escrito a Gavin Arvizo.
“E alguém aqui... sabe da existência dessas cartas?”, perguntou King.
“Claro”, disse Dimond, “Eu sei. Tenho pleno conhecimento da existência dessas cartas!”
“Diane, você leu-as?”
“Não, eu não as li”.
Dimond admitiu que nunca havia visto as cartas, quanto mais tê-las lido, mas disse que sabia da existência delas através de “testemunhas muito confiáveis”. Mas essas cartas nunca se materializaram. Quando Dimond disse que tinha “pleno conhecimento” da existência das cartas, estava a basear-se exclusivamente nas palavras de fontes da polícia. Na melhor das hipóteses, essas fontes estavam repetindo as alegações dos Arvizos por boa fé. Na pior das hipóteses, eles mesmos inventaram a história apenas para sujar o nome de Jackson. De qualquer forma, a história deu a volta ao mundo sem uma folha de prova que a confirmasse.
Foi mais de um ano entre a prisão de Jackson e o início do seu julgamento e a comunicação social foi forçada a acolchoar a história o máximo que pôde durante este intervalo. Sabendo que Jackson estava silenciado por ordem judicial, e não poderia responder, os simpatizantes da promotoria começaram a vazar documentos, como o testemunho de Jordan Chandler, de 1993. A comunicação social, com fome de escândalo e sensacionalismo, atiraram-se sobre eles.
Ao mesmo tempo, as alegações vendidas para programas de TV sensacionalistas, por ex-empregados descontentes, em 1990, foram constantemente confundidas e apresentadas como novidade. Pequenos detalhes das alegações da família Arvizo também vazavam periodicamente.
Enquanto a maioria dos meios de comunicação divulgavam essas histórias como alegações e não fatos, a quantidade e a frequência de histórias relacionando Jackson a abuso sexual, junto com sua incapacidade judicial de refutá-las, tiveram um efeito devastador na sua imagem pública.
O julgamento começou no início de 2005 com a seleção do júri. Quando Dimond foi questionada sobre as táticas de seleção dos jurados por parte da promotoria e da defesa, respondeu que a diferença era que a promotoria estava a procurar jurados com um senso de “bem” versus “mal” e de “certo” versus “errado”.
Logo os jurados foram escolhidos, a Newsweek já estava tentando menosprezá-los, alegando que uma classe de jurados de classe média não poderia julgar de forma justa uma família de classe baixa. Em um artigo chamado “Jogando com as Classes”, a revista disse: “O julgamento de Jackson pode se desdobrar em algo mais além da classe. E nós não estamos a falar de provas”.
Assim que o julgamento começou, ficou imediatamente claro que o caso estava cheio de furos. As únicas “provas” da promotoria, uma pilha de material pornográfico heterossexual e alguns livros de arte. Thomas Mesereau escreveu: “O esforço em culpar o Sr. Jackson de ter uma das maiores bibliotecas privadas do mundo é alarmante. Desde 75 anos atrás não se tem testemunhado uma promotoria que alegasse que a posse de livros por artistas conhecidos fosse prova de crimes contra o Estado!”.
O irmão de Gavin Arvizo, Star, prestou testemunho no início do julgamento e disse que viu dois atos específicos de abuso, mas seu testemunho foi totalmente inconsistente. Sobre um ato específico, ele disse, no tribunal, que Jackson estava acariciando Gavin, mas em uma descrição anterior do mesmo incidente, ele contou uma história totalmente diferente, alegando que Jackson estava “esfregando o pénis nas nádegas de Gavin”. Ele também contou histórias diferentes sobre o outro referido ato em dois dias consecutivos de julgamento.
Durante o interrogatório, o advogado de Jackson, Thomas Mesereau mostrou uma cópia da revista pornográfica Barely Legal, e perguntou repetidas vezes se aquela era a revista específica que Jackson havia mostrado a ele e seu irmão. O menino insistiu que sim, era essa. Mesereau, então, revelou ao júri que a revista tinha sido publicada em 2003, 5 meses após a família Arvizo ter deixado Neverland.
Mas essa informação quase não foi divulgada, a comunicação social estava focada nas acusações do garoto ao invés do interrogatório que as desmentia. Alegações criam boas manchetes, interrogatórios complexos, não.
Quando Gavin Arviso foi testemunhar, alegou que Jackson tinha instigado o primeiro ato de abuso dizendo-lhe que meninos tinham que se masturbar ou virariam estupradores. Mas Mesereau interrogou-o e mostrou que o menino tinha admitido que quem disse isso foi sua avó e não Jackson, o que significava que toda a história do abuso estava baseada em uma mentira.
Sob interrogatório, o garoto menosprezou severamente a teoria de conspiração da promotoria dizendo que nunca sentiu medo em Neverland e que ele não queria ter ido embora. Sua versão do alegado abuso também foi diferente da de seu irmão.
Infelizmente para Jackson, o interrogatório de Gavin Arvizo foi totalmente ignorado enquanto os jornais riam e fofocavam a respeito do que ficou conhecido “o dia do pijama”.
No primeiro dia do interrogatório do garoto, Jackson escorregou no chuveiro, e magoou o pulmão, foi levado à pressa para o hospital. Quando o Juiz Rodney Melville ameaçou emitir um mandado de prisão para Jackson se ele não aparecesse em uma hora, o cantor correu para o tribunal vestindo as calças do pijama que estava usando quando foi levado ao hospital.
As fotos de Jackson vestindo pijamas percorreram o mundo, na maioria sem menção ao machucado de Jackson ou à razão de ele os estar usando. Muitos jornalistas acusaram Jackson de fingir tudo apenas para ganhar simpatia, embora a reação da comunicação social tenha sido tudo menos simpática.
O incidente não impediu que a comunicação social distribuísse as alegações de Gavin pelo mundo no dia seguinte. Alguns meios de comunicação expuseram o testemunho do garoto como fato e não conjectura. “Ele disse que se garotos não fazem aquilo se transformam em estupradores – O Garoto do Cancro, Gavin Conta no Tribunal como foi o Sexo com Jack” escreveu o The Mirror.
Mas o interrogatório do garoto era outra história. Quase não foi divulgado. Ao invés de histórias a respeito das mentiras de Gavin Arvizo e das alegações contraditórias dos dois irmãos, as páginas dos jornais estavam recheadas de reportagens a respeito dos pijamas de Jackson, apesar de o “dia do pijama” ter acontecido dias antes.
Milhares de palavras foram escritas questionando se Jackson estava ou não usando peruca. O The Sun escreveu um artigo atacando Jackson por causa dos acessórios que ele colocava nos fatos que usava a cada dia. Parecia que a imprensa queria escrever qualquer coisa para evitar ter que discutir o interrogatório do garoto, que menosprezou severamente o caso da promotoria.
Este hábito de relatar alegações chocantes, mas ignorar os interrogatórios que as desacreditavam, tornou -se uma constante durante o julgamento de Jackson. Em Abril de 2005, em entrevista a Matt Drudge, o colunista Roger Freidman explicou: “O que não foi divulgado é que o interrogatório destas testemunhas está sendo fatal para eles.” Ele acrescentou que quando alguém dizia algo devasso ou dramático sobre Jackson, a comunicação social “saía a correr para fora do tribunal para divulgar” e acabava perdendo o interrogatório subsequente.
Drudge concordou e acrescentou: “Você não ouvia como cada testemunha estava sendo massacrada no interrogatório. Não existe, até hoje, uma testemunha que não tenha admitido ter cometido perjúrio neste ou em qualquer outro caso”.
Este alarmante hábito da comunicação social de ignorar os interrogatórios ficou talvez mais aparente durante o testemunho de Kiki Fournier. Fournier, uma empregada de Neverland, testemunhou que, quando em Neverland, as crianças muitas vezes ficavam incontroláveis e disse que tinha visto crianças tão hiperativas que poderiam, facilmente, ter sido intoxicadas. A comunicação social correu para noticiar essa “bomba” e perdeu um dos pontos mais importantes de todo o julgamento.
Quando interrogada por Thomas Mesereau, Fournier disse que, durante as últimas semanas da estadia da família Arvizo em Neverland – o período durante o qual o suposto abuso ocorreu – o quarto de hóspedes, aonde estavam os dois garotos, estava constantemente desarrumado, levando-a a acreditar que eles estavam dormindo neste quarto o tempo inteiro – e não no quarto de Michael Jackson.
Ela também testemunhou que Star Arvizo, uma vez, apontou uma faca para ela na cozinha, explicando que ela sabia que não foi intencional, que achou que era uma brincadeira, que achava que ele estava “tentando estabelecer algum tipo de autoridade”.
O golpe fatal veio quando Fournier foi interrogada sobre a hilária teoria da conspiração da promotoria. Ela riu e disse que ninguém poderia ter sido mantido um prisioneiro em
Neverland, dizendo ao júri que não existem cercas altas em volta da propriedade e que a família poderia facilmente ter saído caminhando de lá a qualquer momento.
Quando Janet Arvizo, mãe de Gavin e Star, foi testemunhar, Tom Sneddon foi visto com a cabeça entre as mãos em sinal de desespero. Ela alegou que a fita de vídeo com ela e as crianças louvando Jackson tinha sido ensaiada palavra por palavra por um alemão que mal falava Inglês. Na fita ela aparece falando bem de Jackson e depois parece ficar com vergonha e pergunta se estava sendo filmada. Ela disse que isso também foi ensaiado.
Ela disse que ficou refém em Neverland apesar de o registro de visitantes e recibos comprovarem que ela deixou o rancho e retornou em três ocasiões diferentes enquanto se encontrava em “cativeiro”. Ficou aparente que ela estava sob investigação por fraude e que também estava falsamente recebendo dinheiro às custas da doença do filho, recebendo benefícios para pagar pelo seu tratamento do cancro mesmo tendo seguro.
Até os mais fervorosos simpatizantes da promotoria tiveram que admitir que Janet Arvizo foi uma testemunha desastrosa para o Estado. Exceto Diane Dimond, que em Março de 2005, pareceu usar a fraude de Janet Arvizo (que foi condenada durante o julgamento de Jackson) como prova da culpa de Jackson, assinando um artigo do New York Post com o título “Pedófilos não Desejam os Filhos de Ozzie ou Harriet”.
Ao ver o caso desmoronar perante seus olhos, a promotoria pediu permissão ao juiz para inserir provas de “atos de má-fé prévios”. A permissão foi concedida. A promotoria disse ao júri que eles iam ouvir testemunhos de outras 5 vítimas antigas. Mas estes outros casos acabaram se tornando ainda mais risíveis do que as alegações dos Arvizo.
Começou um novo desfile de seguranças desgostosos e empregadas domésticas no banco de testemunhas alegando que haviam visto abuso de outros 3 garotos: Wade Robson, Brett Barnes e Macauley Culkin. Mas estes 3 garotos foram as 3 primeiras testemunhas da defesa, cada um testemunhando que Jackson nunca lhes tinha tocado e disseram que estavam ressentidos com a insinuação.
Além disso, foi revelado que cada um dos empregados foi despedido por Jackson, por roubo na sua propriedade ou haviam perdido algum processo trabalhista e estavam devendo a Jackson grandes quantias em dinheiro. Eles também se negaram a dizer à polícia quando é que tinham supostamente testemunhado os abusos, mesmo quando questionados a respeito das acusações de Jordan Chandler de 1993, mas que subsequentemente haviam tentado vender as histórias à imprensa – algumas vezes, com sucesso. Quanto mais dinheiro estava em jogo, mais libertinas eram as acusações.
Roger Friedman reclamou numa entrevista a Matt Drudge, dizendo que a comunicação social estava a ignorar os interrogatórios das testemunhas dos casos anteriores, resultando em relatórios distorcidos. Ele disse: “No início da quinta-feira, a primeira hora foi com esse sujeito, Ralph Chacon, que trabalhou no rancho como segurança. Ele contou as histórias mais absurdas. Era tudo tão explícito. E é claro, todos correram para fora para noticiar. Mas 10 minutos antes do intervalo, quando Mesereau o interrogou, acabou com ele.”
A quarta “vítima”, Jason Francia, testemunhou e disse que quando era criança, Jackson o molestou em 3 ocasiões diferentes. Quando pressionado a respeito de detalhes a respeito do “abuso”, ele disse que Jackson lhe fez cócegas, por fora das roupas, três vezes e que ele precisou de anos de terapia para se recuperar. O júri revirou os olhos, mas repórteres, incluindo Dan Abrams, alardearam ele como convincente e previram que seria esta a testemunha que colocaria Jackson na cadeia.
A comunicação social declarou repetidamente que as alegações de Francia foram feitas em 1990, fazendo com que o público acreditasse que as alegações de Jordan Chandler haviam ocorrido nessa época. Na atualidade, Jason Francia disse que o abuso ocorreu em 1990, mas que ele não disse nada até a comunicação social divulgar as acusações de Chandler. Nesse momento, sua mãe, empregada de Neverland, Blanca Francia, conseguiu 200 mil dólares do programa Hard Copy por uma entrevista a Diane Dimond e mais 2,4 milhões de dólares por um acordo com Jackson.
Transcrições da polícia mostraram que Francia mudou repetidamente sua história e que originalmente havia insistido que nunca havia sido molestado. Transcrições também mostraram que ele só tinha dito que foi molestado após a polícia insistentemente perguntar durante interrogatórios. A polícia frequentemente referiram-se a Jackson como “molestador”. Em uma ocasião, eles disseram ao garoto que Jackson estava molestando Macauley Culkin naquele momento, dizendo que a única forma que eles tinham de resgatar Culkin era se Francia dissesse que havia sido molestado pelo astro. As transcrições também mostraram que Francia tinha previamente dito para a polícia: “Eles fizeram-me inventar um monte de coisas. Eles ficavam insistindo. Eu queria dar um soco na cabeça deles.”
A quinta “vítima” era Jordan Chandler, que fugiu do país para não testemunhar contra seu antigo amigo. Thomas Mesereau disse, em um discurso em Harvard no ano passado: “A promotoria tentou fazer com que ele aparecesse, mas ele não o fez. Se ele tivesse aparecido, eu tinha testemunhas que afirmavam que ele lhes tinha dito que não tinha acontecido nada e que ele nunca mais falou com os pais de novo pelo que eles o forçaram a dizer. Ele chegou a ir a um tribunal e conseguiu emancipação legal dos pais.”
June Chandler, mãe de Jordan, testemunhou que não falava com o filho há 11 anos. Quando questionada sobre as acusações de 1993, ela pareceu sofrer de uma severa perda de memória seletiva. Num momento ela disse que não se lembrava de ter sido processada por Michael Jackson e em outro momento, disse que não soube mais nada do seu advogado. Ela também disse que não testemunhou nenhum abuso.
Quando a promotoria encerrou, a comunicação social os perdeu o interesse no julgamento. A defesa recebeu comparativamente menos espaço nos jornais e nas transmissões. O Hollywood Reporter, que estava a reportar todo o julgamento, perdeu duas semanas inteiras do caso da defesa; A atitude parecia ser que, se o testemunho não contivesse relatos pesados e devassos se não gerasse uma boa manchete – não valia a pena noticiar.
A defesa chamou inúmeras testemunhas fantásticas: garotos e garotas que haviam ficado com Jackson algum tempo e que também não tinham testemunhado nenhum comportamento inapropriado; empregados que tinham testemunhado os irmãos Arvizo se servindo de bebidas alcoólicas quando Jackson estava ausente e celebridades que também foram alvo de tentativa de extorsão pelo acusador. Mas poucos destes testemunhos foram repassados ao público. Quando o DA Tom Sneddon chamou o ator cômico e negro, Chris Tucker, de “rapaz” durante seu interrogatório, a comunicação social não pestanejou.
Quando ambos os lados encerraram, foi dito ao júri que se estivessem com qualquer dúvida razoável, eles teriam que absolver. Qualquer um que estivesse prestando atenção aos procedimentos poderia ver que as dúvidas já estavam muito além do razoável! Quase todas as testemunhas da promotoria tinham ou cometido perjúrio ou ajudado a defesa. Não havia uma partícula de prova que ligasse Jackson a qualquer um dos crimes e também não havia nenhuma testemunha confiável que o ligasse aos crimes.
Mas isso não impediu os jornalistas e especialistas, liderados por Nancy Grace, da CNN, de preverem vereditos de culpado. O advogado de defesa, Robert Shapiro, que havia representado a família Chandler, afirmou com certeza a CNN: “Ele vai ser condenado”. Wendy Murphy, ex-promotor, disse a Fox News: “Não há dúvida de que veremos uma condenação hoje.”
A histeria dos fãs fora do tribunal podia ser comparada à dos repórteres que estavam dentro do tribunal, que estavam tão excitados que o Juiz Rodney Melville ordenou para que eles se contivessem. Thomas Mesereau comentou depois que a imprensa estava “quase salivando, sobre ve-lo (Jackson) sendo levado para a cadeia”.
"Quando o júri entregou 14 vereditos de 'inocente', a comunicação social foi 'humilhada', disse Mesereau em uma entrevista subsequente. O analista de comunicação social, Tim Rutten comentou: “Então, o que aconteceu quando Jackson foi inocentado que todas as acusações? Rostos vermelhos? Dúvidas? Um pouco de auto-análise, talvez? Talvez alguma expressão de arrependimento pelo julgamento prematuro? Nãããããããooooo. A reação foi raiva misturada com desprezo e uma expressão de confusão. O alvo agora eram os jurados. O inferno não conhece a fúria de um âncora de TV a cabo, desprezado”.
Numa conferência pós-veredito, Sneddon continuou a referir-se a Gavin Arvizo como “vítima” e disse suspeitar que o “fator celebridade” havia nublado o julgamento dos jurados – uma frase que muitos especialistas da comunicação social acharam apropriada quando se sentaram para menosprezar os jurados e seus vereditos.
Minutos após o veredito ser anunciado, Nancy Grace apareceu na TV para articular que os jurados tinham sido seduzidos pela fama de Jackson e afirmou, bizarramente, que o único elo fraco da promotoria tinha sido Janet Arvizo.
“Eu vou comer um sanduíche de corvo agora”, disse ela.“Não tem um gosto muito bom. Mas quer saber? Também não estou surpresa. Eu achava que a celebridade era um grande fator. Quando você acha que conhece alguém, quando você assistiu aos seus shows, ouviu seus discos, ouviu as letras, achando que elas estavam vindo do coração de alguém... Jackson é muito carismático, apesar de não ter testemunhado. Isso tem um efeito sobre o júri.”
“Eu não vou atirar pedras na mãe (Janet Arvizo), apesar de achar que ela foi o elo fraco no caso do Estado, mas a realidade é que não estou surpresa. Eu achei que o júri votaria a favor e testemunhas similares. Aparentemente a defesa os confundiu com o interrogatório da mãe. Eu penso que se resume a isso, puro e simples.”
Grace falou mais tarde que Jackson “não era culpado devido ao fator celebridade” e foi vista tentando fazer com que o presidente dos jurados Paul Rodriguez dissesse que acreditava que Jackson fosse culpado. Um dos convidados de Grace, a psicanalista Bethany Marshall, nivelou os ataques a uma jurada dizendo “Esta é uma mulher que não tem vida”.
Na Fox News, Wendy Murphy apelidou Jackson de “abusador Teflon” e disse que os jurados precisavam de testes de QI. Depois comentou: “Eu realmente acho que foi o fator celebridade, não as provas. Acho que nem os jurados entendem o quanto foram influenciados por quem Michael Jackson é... Eles basicamente colocaram alvos nas costas de todas, especialmente as mais vulneráveis, crianças que ainda irão entrar na vida de Michael Jackson.”
O analista legal Jeffrey Tobbin disse a CNN que achou que os testemunhos das vítimas dos “crimes anteriores” eram “provas conclusivas”, apesar de vários dos garotos terem testemunhado em defesa e negaram terem sido molestados. Ele também disse que a defesa ganhou porque eles “conseguiram contar uma história, e nós sabemos que o júri entende uma história melhor do que fatos individuais.”
Apenas Robert Shapiro teve a dignidade de encarar o veredito, dizendo ao público que eles deveriam aceitar a decisão do júri porque estes eram de uma “parte muito conservadora da Califórnia e se eles não tinham dúvidas, então nós também não deveríamos ter”.
No dia seguinte, no Good Morning America, Diane Sawyer manteve a ideia de que o veredito tinasido influenciado pelo status de celebridade de Jackson. “Vocês têm a certeza?” ela invocou. “Vocês têm a certeza de que este homem mundialmente famoso entrando na sala não influenciou em tudo?”
The Washington Post comentou:“Um veredito de inocente não limpa o nome dele, só suja a água”. Tanto New York Post como New York Daily News sairam com o titulo malicioso: “Boy, Oh, Boy!”
Em seu último artigo sobre o julgamento, no New York Post, Diane Dimond lamentou o veredito de inocente dizendo que isso deixou Michael Jackson intocável. Ela escreveu: “Ele saiu do tribunal como um homem livre, inocente de todas as alegações. Mas Michael Jackson é muito mais do que um homem livre. Ele tem agora carta-branca para viver sua vida da forma como quiser, com quem ele quiser, porque quem tentaria processar Michael Jackson agora?”
O jornal Britain's Sun, a fofoqueira das celebridades Jane Moore escreveu um artigo com o título: “Se o júri concordou que Janet Arvizo é uma péssima mãe (e ela É)... Como podem ter deixado Jackson livre?” Começou assim: “Michael Jackson é inocente. A justiça foi feita. Ou isso é o que os lunáticos que se juntaram do lado de fora do tribunal querem que acreditemos.” Ela seguiu questionando a capacidade mental dos jurados e repudiou o sistema judicial americano como imaturo: “Nada nem ninguém realmente sai vencedor que uma trapalhada dessas”, e terminou “muito menos o que eles, ridiculamente, chamam de justiça americana”.
Ally Ross do Sun desrespeitou os fãs de Jackson considerando-os como “palhaços tristes e solitários”. Outro artigo do Sun, escrito pela apresentadora de TV Lorraine Kelly, entitulado “Não Esqueçam que as Crianças ainda Correm Risco... Jacko está Solto”, rotulou Jackson como um homem culpado. Kelly – que nunca foi ao julgamento de Jackson – lamentou o fato de Jackson “ter se safado”, reclamando que “ao invés de apodrecer na cadeia, Jackson agora está de novo em Neverland”. “Jackson”, ela concluiu, “é um perdedor doente e triste que usa sua fama e dinheiro para deslumbrar os pais das crianças por quem ele se encanta.”
Depois do ataque inicial, a história de Michael Jackson saiu das manchetes. Houve pouca análise dos vereditos de inocente e como eles tinham sido decididos. Uma absolvição foi considerada menos lucrativa do que uma condenação.
Realmente, Mesereau disse nos últimos anos que, se Jackson tivesse sido condenado, isso teria gerado uma fábrica de histórias para a comunicação social durante anos: Verdadeiras sagas seriam criadas em torno da custódia das crianças; controle sobre o seu império; outras “vítimas” iriam prestar queixas e uma longa estrada de processos e apelações geraria milhares de histórias durante meses, anos, talvez décadas. A prisão de Jackson geraria um suprimento inesgotável de manchetes. Quem o está visitando? Quem não está? Ele está na solitária? Se não está, quem são seus companheiros de cela? Será que ele tem uma namorada por correspondência? Podemos voar com um helicóptero sobre a prisão e filmá-lo a exercitar-se? As possibilidades eram infinitas. Uma verdadeira guerra sobre quem conseguiria as primeiras imagens de Jackson na sua cela havia começado muito antes de o júri se preparar a deliberar.
Uma absolvição não era tão lucrativa. Em uma entrevista a Newsweek, o chefe da CNN Jonathan Klein lembrou que enquanto assistia aos vereditos de inocente, disse aos seus assistentes: A história agora não é mais tão interessante.
A história tinha acabado. Não houve pedidos de desculpa, nem retratação. Não ouve controlo nem inquéritos ou investigações. Ninguém foi responsabilizado pelo que foi feito a Michael Jackson. A comunicação social estava contente em deixar as pessoas continuarem a acreditar na sua distorcida e fictícia versão do julgamento. E foi isso!
Quando Michael Jackson morreu a comunicação social entrou em êxtase novamente: Que drogas o mataram? Há quanto tempo ele as estava tomando? Quem as prescreveu? O que mais havia no seu organismo? Quanto é que ele pesava?
Mas uma pergunta ninguém fez: Porque?
Por que Michael Jackson estava tão stressado que não conseguia nem ter uma noite de sono decente a menos que alguém injetasse um anestésico no seu braço? Eu acho que a resposta está nas diversas pesquisas feitas durante o julgamento de Jackson.
Uma pesquisa da Gallup realizada horas após o veredito mostrou que: 54% dos americanos brancos e 48% da população em geral discordava da absolvição do júri; 62% das pessoas achavam que o “fator celebridade” tinha influenciado nos vereditos; 34% disse que estava “triste” com o veredito e 24% disse que se sentia ultrajado. A pesquisa da Fox News revelou que: 37% dos votantes diziam que o veredito estava errado; mais 25% dizia que “a celebridade compra a justiça”. Uma pesquisa da People Weekly revelou que: 88% dos leitores discordava da decisão do júri.
Após lutar num terrível e exaustivo julgamento, crivado de acusações hediondas e com o caráter questionado, Michael Jackson deveria ter se sentido vingado quando o júri despejou 14 unânimes vereditos de “inocente”. Mas a cobertura irresponsável da comunicação social tornou impossível para Jackson se sentir realmente vingado. O sistema judicial o declarou inocente, mas o público, como um todo, ainda pensava o contrário. Alegações que foram desmentidas no tribunal, permaneceram inquestionáveis na imprensa. Testemunhos duvidosos foram apresentados com factos. O caso da defesa foi simplesmente ignorado.
Quando questionado sobre aqueles que duvidavam do veredicto, o júri respondeu: “Eles não viram o que nós vimos”.
Eles estão certos. Nós não vimos. Mas deveríamos ter visto. E aqueles que se recusaram a nos dizer continuam com seus empregos sem punição e livres para fazer exatamente a mesma coisa com qualquer outra pessoa.
Isso é o que eu chamo de injustiça!
One of the Most Shameful Episodes In Journalistic HistoryFoi mais de um ano entre a prisão de Jackson e o início do seu julgamento e a comunicação social foi forçada a acolchoar a história o máximo que pôde durante este intervalo. Sabendo que Jackson estava silenciado por ordem judicial, e não poderia responder, os simpatizantes da promotoria começaram a vazar documentos, como o testemunho de Jordan Chandler, de 1993. A comunicação social, com fome de escândalo e sensacionalismo, atiraram-se sobre eles.
Ao mesmo tempo, as alegações vendidas para programas de TV sensacionalistas, por ex-empregados descontentes, em 1990, foram constantemente confundidas e apresentadas como novidade. Pequenos detalhes das alegações da família Arvizo também vazavam periodicamente.
Enquanto a maioria dos meios de comunicação divulgavam essas histórias como alegações e não fatos, a quantidade e a frequência de histórias relacionando Jackson a abuso sexual, junto com sua incapacidade judicial de refutá-las, tiveram um efeito devastador na sua imagem pública.
O julgamento começou no início de 2005 com a seleção do júri. Quando Dimond foi questionada sobre as táticas de seleção dos jurados por parte da promotoria e da defesa, respondeu que a diferença era que a promotoria estava a procurar jurados com um senso de “bem” versus “mal” e de “certo” versus “errado”.
Logo os jurados foram escolhidos, a Newsweek já estava tentando menosprezá-los, alegando que uma classe de jurados de classe média não poderia julgar de forma justa uma família de classe baixa. Em um artigo chamado “Jogando com as Classes”, a revista disse: “O julgamento de Jackson pode se desdobrar em algo mais além da classe. E nós não estamos a falar de provas”.
Assim que o julgamento começou, ficou imediatamente claro que o caso estava cheio de furos. As únicas “provas” da promotoria, uma pilha de material pornográfico heterossexual e alguns livros de arte. Thomas Mesereau escreveu: “O esforço em culpar o Sr. Jackson de ter uma das maiores bibliotecas privadas do mundo é alarmante. Desde 75 anos atrás não se tem testemunhado uma promotoria que alegasse que a posse de livros por artistas conhecidos fosse prova de crimes contra o Estado!”.
O irmão de Gavin Arvizo, Star, prestou testemunho no início do julgamento e disse que viu dois atos específicos de abuso, mas seu testemunho foi totalmente inconsistente. Sobre um ato específico, ele disse, no tribunal, que Jackson estava acariciando Gavin, mas em uma descrição anterior do mesmo incidente, ele contou uma história totalmente diferente, alegando que Jackson estava “esfregando o pénis nas nádegas de Gavin”. Ele também contou histórias diferentes sobre o outro referido ato em dois dias consecutivos de julgamento.
Durante o interrogatório, o advogado de Jackson, Thomas Mesereau mostrou uma cópia da revista pornográfica Barely Legal, e perguntou repetidas vezes se aquela era a revista específica que Jackson havia mostrado a ele e seu irmão. O menino insistiu que sim, era essa. Mesereau, então, revelou ao júri que a revista tinha sido publicada em 2003, 5 meses após a família Arvizo ter deixado Neverland.
Mas essa informação quase não foi divulgada, a comunicação social estava focada nas acusações do garoto ao invés do interrogatório que as desmentia. Alegações criam boas manchetes, interrogatórios complexos, não.
Quando Gavin Arviso foi testemunhar, alegou que Jackson tinha instigado o primeiro ato de abuso dizendo-lhe que meninos tinham que se masturbar ou virariam estupradores. Mas Mesereau interrogou-o e mostrou que o menino tinha admitido que quem disse isso foi sua avó e não Jackson, o que significava que toda a história do abuso estava baseada em uma mentira.
Sob interrogatório, o garoto menosprezou severamente a teoria de conspiração da promotoria dizendo que nunca sentiu medo em Neverland e que ele não queria ter ido embora. Sua versão do alegado abuso também foi diferente da de seu irmão.
Infelizmente para Jackson, o interrogatório de Gavin Arvizo foi totalmente ignorado enquanto os jornais riam e fofocavam a respeito do que ficou conhecido “o dia do pijama”.
No primeiro dia do interrogatório do garoto, Jackson escorregou no chuveiro, e magoou o pulmão, foi levado à pressa para o hospital. Quando o Juiz Rodney Melville ameaçou emitir um mandado de prisão para Jackson se ele não aparecesse em uma hora, o cantor correu para o tribunal vestindo as calças do pijama que estava usando quando foi levado ao hospital.
As fotos de Jackson vestindo pijamas percorreram o mundo, na maioria sem menção ao machucado de Jackson ou à razão de ele os estar usando. Muitos jornalistas acusaram Jackson de fingir tudo apenas para ganhar simpatia, embora a reação da comunicação social tenha sido tudo menos simpática.
O incidente não impediu que a comunicação social distribuísse as alegações de Gavin pelo mundo no dia seguinte. Alguns meios de comunicação expuseram o testemunho do garoto como fato e não conjectura. “Ele disse que se garotos não fazem aquilo se transformam em estupradores – O Garoto do Cancro, Gavin Conta no Tribunal como foi o Sexo com Jack” escreveu o The Mirror.
Mas o interrogatório do garoto era outra história. Quase não foi divulgado. Ao invés de histórias a respeito das mentiras de Gavin Arvizo e das alegações contraditórias dos dois irmãos, as páginas dos jornais estavam recheadas de reportagens a respeito dos pijamas de Jackson, apesar de o “dia do pijama” ter acontecido dias antes.
Milhares de palavras foram escritas questionando se Jackson estava ou não usando peruca. O The Sun escreveu um artigo atacando Jackson por causa dos acessórios que ele colocava nos fatos que usava a cada dia. Parecia que a imprensa queria escrever qualquer coisa para evitar ter que discutir o interrogatório do garoto, que menosprezou severamente o caso da promotoria.
Este hábito de relatar alegações chocantes, mas ignorar os interrogatórios que as desacreditavam, tornou -se uma constante durante o julgamento de Jackson. Em Abril de 2005, em entrevista a Matt Drudge, o colunista Roger Freidman explicou: “O que não foi divulgado é que o interrogatório destas testemunhas está sendo fatal para eles.” Ele acrescentou que quando alguém dizia algo devasso ou dramático sobre Jackson, a comunicação social “saía a correr para fora do tribunal para divulgar” e acabava perdendo o interrogatório subsequente.
Drudge concordou e acrescentou: “Você não ouvia como cada testemunha estava sendo massacrada no interrogatório. Não existe, até hoje, uma testemunha que não tenha admitido ter cometido perjúrio neste ou em qualquer outro caso”.
Este alarmante hábito da comunicação social de ignorar os interrogatórios ficou talvez mais aparente durante o testemunho de Kiki Fournier. Fournier, uma empregada de Neverland, testemunhou que, quando em Neverland, as crianças muitas vezes ficavam incontroláveis e disse que tinha visto crianças tão hiperativas que poderiam, facilmente, ter sido intoxicadas. A comunicação social correu para noticiar essa “bomba” e perdeu um dos pontos mais importantes de todo o julgamento.
Quando interrogada por Thomas Mesereau, Fournier disse que, durante as últimas semanas da estadia da família Arvizo em Neverland – o período durante o qual o suposto abuso ocorreu – o quarto de hóspedes, aonde estavam os dois garotos, estava constantemente desarrumado, levando-a a acreditar que eles estavam dormindo neste quarto o tempo inteiro – e não no quarto de Michael Jackson.
Ela também testemunhou que Star Arvizo, uma vez, apontou uma faca para ela na cozinha, explicando que ela sabia que não foi intencional, que achou que era uma brincadeira, que achava que ele estava “tentando estabelecer algum tipo de autoridade”.
O golpe fatal veio quando Fournier foi interrogada sobre a hilária teoria da conspiração da promotoria. Ela riu e disse que ninguém poderia ter sido mantido um prisioneiro em
Neverland, dizendo ao júri que não existem cercas altas em volta da propriedade e que a família poderia facilmente ter saído caminhando de lá a qualquer momento.
Quando Janet Arvizo, mãe de Gavin e Star, foi testemunhar, Tom Sneddon foi visto com a cabeça entre as mãos em sinal de desespero. Ela alegou que a fita de vídeo com ela e as crianças louvando Jackson tinha sido ensaiada palavra por palavra por um alemão que mal falava Inglês. Na fita ela aparece falando bem de Jackson e depois parece ficar com vergonha e pergunta se estava sendo filmada. Ela disse que isso também foi ensaiado.
Ela disse que ficou refém em Neverland apesar de o registro de visitantes e recibos comprovarem que ela deixou o rancho e retornou em três ocasiões diferentes enquanto se encontrava em “cativeiro”. Ficou aparente que ela estava sob investigação por fraude e que também estava falsamente recebendo dinheiro às custas da doença do filho, recebendo benefícios para pagar pelo seu tratamento do cancro mesmo tendo seguro.
Até os mais fervorosos simpatizantes da promotoria tiveram que admitir que Janet Arvizo foi uma testemunha desastrosa para o Estado. Exceto Diane Dimond, que em Março de 2005, pareceu usar a fraude de Janet Arvizo (que foi condenada durante o julgamento de Jackson) como prova da culpa de Jackson, assinando um artigo do New York Post com o título “Pedófilos não Desejam os Filhos de Ozzie ou Harriet”.
Ao ver o caso desmoronar perante seus olhos, a promotoria pediu permissão ao juiz para inserir provas de “atos de má-fé prévios”. A permissão foi concedida. A promotoria disse ao júri que eles iam ouvir testemunhos de outras 5 vítimas antigas. Mas estes outros casos acabaram se tornando ainda mais risíveis do que as alegações dos Arvizo.
Começou um novo desfile de seguranças desgostosos e empregadas domésticas no banco de testemunhas alegando que haviam visto abuso de outros 3 garotos: Wade Robson, Brett Barnes e Macauley Culkin. Mas estes 3 garotos foram as 3 primeiras testemunhas da defesa, cada um testemunhando que Jackson nunca lhes tinha tocado e disseram que estavam ressentidos com a insinuação.
Além disso, foi revelado que cada um dos empregados foi despedido por Jackson, por roubo na sua propriedade ou haviam perdido algum processo trabalhista e estavam devendo a Jackson grandes quantias em dinheiro. Eles também se negaram a dizer à polícia quando é que tinham supostamente testemunhado os abusos, mesmo quando questionados a respeito das acusações de Jordan Chandler de 1993, mas que subsequentemente haviam tentado vender as histórias à imprensa – algumas vezes, com sucesso. Quanto mais dinheiro estava em jogo, mais libertinas eram as acusações.
Roger Friedman reclamou numa entrevista a Matt Drudge, dizendo que a comunicação social estava a ignorar os interrogatórios das testemunhas dos casos anteriores, resultando em relatórios distorcidos. Ele disse: “No início da quinta-feira, a primeira hora foi com esse sujeito, Ralph Chacon, que trabalhou no rancho como segurança. Ele contou as histórias mais absurdas. Era tudo tão explícito. E é claro, todos correram para fora para noticiar. Mas 10 minutos antes do intervalo, quando Mesereau o interrogou, acabou com ele.”
A quarta “vítima”, Jason Francia, testemunhou e disse que quando era criança, Jackson o molestou em 3 ocasiões diferentes. Quando pressionado a respeito de detalhes a respeito do “abuso”, ele disse que Jackson lhe fez cócegas, por fora das roupas, três vezes e que ele precisou de anos de terapia para se recuperar. O júri revirou os olhos, mas repórteres, incluindo Dan Abrams, alardearam ele como convincente e previram que seria esta a testemunha que colocaria Jackson na cadeia.
A comunicação social declarou repetidamente que as alegações de Francia foram feitas em 1990, fazendo com que o público acreditasse que as alegações de Jordan Chandler haviam ocorrido nessa época. Na atualidade, Jason Francia disse que o abuso ocorreu em 1990, mas que ele não disse nada até a comunicação social divulgar as acusações de Chandler. Nesse momento, sua mãe, empregada de Neverland, Blanca Francia, conseguiu 200 mil dólares do programa Hard Copy por uma entrevista a Diane Dimond e mais 2,4 milhões de dólares por um acordo com Jackson.
Transcrições da polícia mostraram que Francia mudou repetidamente sua história e que originalmente havia insistido que nunca havia sido molestado. Transcrições também mostraram que ele só tinha dito que foi molestado após a polícia insistentemente perguntar durante interrogatórios. A polícia frequentemente referiram-se a Jackson como “molestador”. Em uma ocasião, eles disseram ao garoto que Jackson estava molestando Macauley Culkin naquele momento, dizendo que a única forma que eles tinham de resgatar Culkin era se Francia dissesse que havia sido molestado pelo astro. As transcrições também mostraram que Francia tinha previamente dito para a polícia: “Eles fizeram-me inventar um monte de coisas. Eles ficavam insistindo. Eu queria dar um soco na cabeça deles.”
A quinta “vítima” era Jordan Chandler, que fugiu do país para não testemunhar contra seu antigo amigo. Thomas Mesereau disse, em um discurso em Harvard no ano passado: “A promotoria tentou fazer com que ele aparecesse, mas ele não o fez. Se ele tivesse aparecido, eu tinha testemunhas que afirmavam que ele lhes tinha dito que não tinha acontecido nada e que ele nunca mais falou com os pais de novo pelo que eles o forçaram a dizer. Ele chegou a ir a um tribunal e conseguiu emancipação legal dos pais.”
June Chandler, mãe de Jordan, testemunhou que não falava com o filho há 11 anos. Quando questionada sobre as acusações de 1993, ela pareceu sofrer de uma severa perda de memória seletiva. Num momento ela disse que não se lembrava de ter sido processada por Michael Jackson e em outro momento, disse que não soube mais nada do seu advogado. Ela também disse que não testemunhou nenhum abuso.
Quando a promotoria encerrou, a comunicação social os perdeu o interesse no julgamento. A defesa recebeu comparativamente menos espaço nos jornais e nas transmissões. O Hollywood Reporter, que estava a reportar todo o julgamento, perdeu duas semanas inteiras do caso da defesa; A atitude parecia ser que, se o testemunho não contivesse relatos pesados e devassos se não gerasse uma boa manchete – não valia a pena noticiar.
A defesa chamou inúmeras testemunhas fantásticas: garotos e garotas que haviam ficado com Jackson algum tempo e que também não tinham testemunhado nenhum comportamento inapropriado; empregados que tinham testemunhado os irmãos Arvizo se servindo de bebidas alcoólicas quando Jackson estava ausente e celebridades que também foram alvo de tentativa de extorsão pelo acusador. Mas poucos destes testemunhos foram repassados ao público. Quando o DA Tom Sneddon chamou o ator cômico e negro, Chris Tucker, de “rapaz” durante seu interrogatório, a comunicação social não pestanejou.
Quando ambos os lados encerraram, foi dito ao júri que se estivessem com qualquer dúvida razoável, eles teriam que absolver. Qualquer um que estivesse prestando atenção aos procedimentos poderia ver que as dúvidas já estavam muito além do razoável! Quase todas as testemunhas da promotoria tinham ou cometido perjúrio ou ajudado a defesa. Não havia uma partícula de prova que ligasse Jackson a qualquer um dos crimes e também não havia nenhuma testemunha confiável que o ligasse aos crimes.
Mas isso não impediu os jornalistas e especialistas, liderados por Nancy Grace, da CNN, de preverem vereditos de culpado. O advogado de defesa, Robert Shapiro, que havia representado a família Chandler, afirmou com certeza a CNN: “Ele vai ser condenado”. Wendy Murphy, ex-promotor, disse a Fox News: “Não há dúvida de que veremos uma condenação hoje.”
A histeria dos fãs fora do tribunal podia ser comparada à dos repórteres que estavam dentro do tribunal, que estavam tão excitados que o Juiz Rodney Melville ordenou para que eles se contivessem. Thomas Mesereau comentou depois que a imprensa estava “quase salivando, sobre ve-lo (Jackson) sendo levado para a cadeia”.
"Quando o júri entregou 14 vereditos de 'inocente', a comunicação social foi 'humilhada', disse Mesereau em uma entrevista subsequente. O analista de comunicação social, Tim Rutten comentou: “Então, o que aconteceu quando Jackson foi inocentado que todas as acusações? Rostos vermelhos? Dúvidas? Um pouco de auto-análise, talvez? Talvez alguma expressão de arrependimento pelo julgamento prematuro? Nãããããããooooo. A reação foi raiva misturada com desprezo e uma expressão de confusão. O alvo agora eram os jurados. O inferno não conhece a fúria de um âncora de TV a cabo, desprezado”.
Numa conferência pós-veredito, Sneddon continuou a referir-se a Gavin Arvizo como “vítima” e disse suspeitar que o “fator celebridade” havia nublado o julgamento dos jurados – uma frase que muitos especialistas da comunicação social acharam apropriada quando se sentaram para menosprezar os jurados e seus vereditos.
Minutos após o veredito ser anunciado, Nancy Grace apareceu na TV para articular que os jurados tinham sido seduzidos pela fama de Jackson e afirmou, bizarramente, que o único elo fraco da promotoria tinha sido Janet Arvizo.
“Eu vou comer um sanduíche de corvo agora”, disse ela.“Não tem um gosto muito bom. Mas quer saber? Também não estou surpresa. Eu achava que a celebridade era um grande fator. Quando você acha que conhece alguém, quando você assistiu aos seus shows, ouviu seus discos, ouviu as letras, achando que elas estavam vindo do coração de alguém... Jackson é muito carismático, apesar de não ter testemunhado. Isso tem um efeito sobre o júri.”
“Eu não vou atirar pedras na mãe (Janet Arvizo), apesar de achar que ela foi o elo fraco no caso do Estado, mas a realidade é que não estou surpresa. Eu achei que o júri votaria a favor e testemunhas similares. Aparentemente a defesa os confundiu com o interrogatório da mãe. Eu penso que se resume a isso, puro e simples.”
Grace falou mais tarde que Jackson “não era culpado devido ao fator celebridade” e foi vista tentando fazer com que o presidente dos jurados Paul Rodriguez dissesse que acreditava que Jackson fosse culpado. Um dos convidados de Grace, a psicanalista Bethany Marshall, nivelou os ataques a uma jurada dizendo “Esta é uma mulher que não tem vida”.
Na Fox News, Wendy Murphy apelidou Jackson de “abusador Teflon” e disse que os jurados precisavam de testes de QI. Depois comentou: “Eu realmente acho que foi o fator celebridade, não as provas. Acho que nem os jurados entendem o quanto foram influenciados por quem Michael Jackson é... Eles basicamente colocaram alvos nas costas de todas, especialmente as mais vulneráveis, crianças que ainda irão entrar na vida de Michael Jackson.”
O analista legal Jeffrey Tobbin disse a CNN que achou que os testemunhos das vítimas dos “crimes anteriores” eram “provas conclusivas”, apesar de vários dos garotos terem testemunhado em defesa e negaram terem sido molestados. Ele também disse que a defesa ganhou porque eles “conseguiram contar uma história, e nós sabemos que o júri entende uma história melhor do que fatos individuais.”
Apenas Robert Shapiro teve a dignidade de encarar o veredito, dizendo ao público que eles deveriam aceitar a decisão do júri porque estes eram de uma “parte muito conservadora da Califórnia e se eles não tinham dúvidas, então nós também não deveríamos ter”.
No dia seguinte, no Good Morning America, Diane Sawyer manteve a ideia de que o veredito tinasido influenciado pelo status de celebridade de Jackson. “Vocês têm a certeza?” ela invocou. “Vocês têm a certeza de que este homem mundialmente famoso entrando na sala não influenciou em tudo?”
The Washington Post comentou:“Um veredito de inocente não limpa o nome dele, só suja a água”. Tanto New York Post como New York Daily News sairam com o titulo malicioso: “Boy, Oh, Boy!”
Em seu último artigo sobre o julgamento, no New York Post, Diane Dimond lamentou o veredito de inocente dizendo que isso deixou Michael Jackson intocável. Ela escreveu: “Ele saiu do tribunal como um homem livre, inocente de todas as alegações. Mas Michael Jackson é muito mais do que um homem livre. Ele tem agora carta-branca para viver sua vida da forma como quiser, com quem ele quiser, porque quem tentaria processar Michael Jackson agora?”
O jornal Britain's Sun, a fofoqueira das celebridades Jane Moore escreveu um artigo com o título: “Se o júri concordou que Janet Arvizo é uma péssima mãe (e ela É)... Como podem ter deixado Jackson livre?” Começou assim: “Michael Jackson é inocente. A justiça foi feita. Ou isso é o que os lunáticos que se juntaram do lado de fora do tribunal querem que acreditemos.” Ela seguiu questionando a capacidade mental dos jurados e repudiou o sistema judicial americano como imaturo: “Nada nem ninguém realmente sai vencedor que uma trapalhada dessas”, e terminou “muito menos o que eles, ridiculamente, chamam de justiça americana”.
Ally Ross do Sun desrespeitou os fãs de Jackson considerando-os como “palhaços tristes e solitários”. Outro artigo do Sun, escrito pela apresentadora de TV Lorraine Kelly, entitulado “Não Esqueçam que as Crianças ainda Correm Risco... Jacko está Solto”, rotulou Jackson como um homem culpado. Kelly – que nunca foi ao julgamento de Jackson – lamentou o fato de Jackson “ter se safado”, reclamando que “ao invés de apodrecer na cadeia, Jackson agora está de novo em Neverland”. “Jackson”, ela concluiu, “é um perdedor doente e triste que usa sua fama e dinheiro para deslumbrar os pais das crianças por quem ele se encanta.”
Depois do ataque inicial, a história de Michael Jackson saiu das manchetes. Houve pouca análise dos vereditos de inocente e como eles tinham sido decididos. Uma absolvição foi considerada menos lucrativa do que uma condenação.
Realmente, Mesereau disse nos últimos anos que, se Jackson tivesse sido condenado, isso teria gerado uma fábrica de histórias para a comunicação social durante anos: Verdadeiras sagas seriam criadas em torno da custódia das crianças; controle sobre o seu império; outras “vítimas” iriam prestar queixas e uma longa estrada de processos e apelações geraria milhares de histórias durante meses, anos, talvez décadas. A prisão de Jackson geraria um suprimento inesgotável de manchetes. Quem o está visitando? Quem não está? Ele está na solitária? Se não está, quem são seus companheiros de cela? Será que ele tem uma namorada por correspondência? Podemos voar com um helicóptero sobre a prisão e filmá-lo a exercitar-se? As possibilidades eram infinitas. Uma verdadeira guerra sobre quem conseguiria as primeiras imagens de Jackson na sua cela havia começado muito antes de o júri se preparar a deliberar.
Uma absolvição não era tão lucrativa. Em uma entrevista a Newsweek, o chefe da CNN Jonathan Klein lembrou que enquanto assistia aos vereditos de inocente, disse aos seus assistentes: A história agora não é mais tão interessante.
A história tinha acabado. Não houve pedidos de desculpa, nem retratação. Não ouve controlo nem inquéritos ou investigações. Ninguém foi responsabilizado pelo que foi feito a Michael Jackson. A comunicação social estava contente em deixar as pessoas continuarem a acreditar na sua distorcida e fictícia versão do julgamento. E foi isso!
Quando Michael Jackson morreu a comunicação social entrou em êxtase novamente: Que drogas o mataram? Há quanto tempo ele as estava tomando? Quem as prescreveu? O que mais havia no seu organismo? Quanto é que ele pesava?
Mas uma pergunta ninguém fez: Porque?
Por que Michael Jackson estava tão stressado que não conseguia nem ter uma noite de sono decente a menos que alguém injetasse um anestésico no seu braço? Eu acho que a resposta está nas diversas pesquisas feitas durante o julgamento de Jackson.
Uma pesquisa da Gallup realizada horas após o veredito mostrou que: 54% dos americanos brancos e 48% da população em geral discordava da absolvição do júri; 62% das pessoas achavam que o “fator celebridade” tinha influenciado nos vereditos; 34% disse que estava “triste” com o veredito e 24% disse que se sentia ultrajado. A pesquisa da Fox News revelou que: 37% dos votantes diziam que o veredito estava errado; mais 25% dizia que “a celebridade compra a justiça”. Uma pesquisa da People Weekly revelou que: 88% dos leitores discordava da decisão do júri.
Após lutar num terrível e exaustivo julgamento, crivado de acusações hediondas e com o caráter questionado, Michael Jackson deveria ter se sentido vingado quando o júri despejou 14 unânimes vereditos de “inocente”. Mas a cobertura irresponsável da comunicação social tornou impossível para Jackson se sentir realmente vingado. O sistema judicial o declarou inocente, mas o público, como um todo, ainda pensava o contrário. Alegações que foram desmentidas no tribunal, permaneceram inquestionáveis na imprensa. Testemunhos duvidosos foram apresentados com factos. O caso da defesa foi simplesmente ignorado.
Quando questionado sobre aqueles que duvidavam do veredicto, o júri respondeu: “Eles não viram o que nós vimos”.
Eles estão certos. Nós não vimos. Mas deveríamos ter visto. E aqueles que se recusaram a nos dizer continuam com seus empregos sem punição e livres para fazer exatamente a mesma coisa com qualquer outra pessoa.
Isso é o que eu chamo de injustiça!
Perfeito seu post, Nida... tadinho. como este anjo sofreu... que lixo de pseudo jornalistas são estes? que nojo.. nem no Brasil são tão sujos assim .... lamentável... eu que pensava que os ingleses e americanos eram mais abertos e com maior desenvolvimento... pura balela... Brasil está bem acima no que diz respeito a este sensacionalismo... horrível, mas ainda bem que tudo agora vem vindo à tona .. que tudo está sendo esclarecido e muitas verdades aparecendo... pena que precisou nosso anjo morrer para que tudo venha as claras... mas do céu ele esta vendo a justiça ser feita... e estamos aqui sempre a mostrar a todos que ele era inocente... beijos, amiga...
ResponderEliminarMuito triste, Zezé... nem consigo imaginar o tamanho do sofrimento desse Homem, que só queria paz e amor...
EliminarBeijinho linda!
Nida,
ResponderEliminarVocê publicou no Face hoje, eu compartilhei quase como um dever a honra de Michael.
Mas é tão profunda a dor que sinto, que já havia me determinado e até comentei sobre isso, que nesse junho eu iria me isentar, me abster de comentários sobre Michael, por razões de auto defesa mesmo. A ausência dele já me dói....e ler o nome Tom Sneddon me enoja e toda publicação sobre essas acusações me causam um mal estar tão grande, que junto a falta dele....me deixam doente, mesmo, de verdade.
Beijo carinhoso prá você <3
Dedete.
Entendo Dedete. Mas se a nossa dor é grande, imagino o tamanho da dor dele...
EliminarÉ por isso que é nosso dever espalhar o mais possível a verdade, para que o mundo saiba a forma desumana como Michael foi tratado.
A Afrodite Jones, que na época da cobertura do julgamento trabalhava para a Fox News, disse que as ordens eram, "Não importa a verdade, o importante é que se insinue que MJ é culpado"
Muito triste...
Beijinho também para você ♥
Tudo muito triste e isso me causa uma tristeza sem fim. Como ele sofreu, ja n bastasse o seu psicologico 100% abalado e totalmente fragilizado deviso aos traumas q sofria da propria familia inclusive do pai, sobre os bullying . O ser humano é ingrato, egoista, aproveitador e interesseiro. Michael teve uma vida muito triste, reclusa, a perca total d privacidade, perseguição
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