27/09/2014

Memorial Michael Jackson - Extrato do livro Remember the Time


Bill: Eu estava em contato com uma mulher da AEG, porque eles estavam a tratar dos arranjos. Eu disse-lhe que precisava de bilhetes para mim e para o Javon. Então, talvez dois dias antes da cerimónia, estávamos a prepararmo-nos para sair e recebi um telefonema, atendi e era uma mulher a chorar do outro lado do telefone.

Disse,  “Bill é a Joanna.”

Joanna? eu não conheço nenhuma Joanna.

 “Quem?”, disse eu

Ela disse, “Bill sou eu a Joanna. Sou a “Amiga”

Oh a “Amiga”. De Virgínia.

 Eu disse, “Ei, como vai?”

Ela continuou a chorar. Disse, “ Bill eu preciso ver Michael. Eu preciso despedir-me dele. Pode ajudar-me Bill?”

Começou a pedir-me para que a ajudasse a conseguir ir ao memorial. Ela não lhe chamou assim. Ela tinha um forte sotaque do leste Europeu, e o seu Inglês era apenas ok. Ela não sabia a palavra para memorial, continuou a chamar-lhe o “show”. 

Ela disse, “Bill eu preciso ir ao show.” 

Mas não havia nenhuma maneira para ela entrar. O Sr. Jackson tinha-a mantido em segrego para toda a gente. Não havia mais ninguém que ela pudesse contatar. Ninguém sabia quem ela era. Ela apenas continuava a dizer, “Bill, por favor consiga uma forma de eu entrar”. Eu não sabia o que poderia fazer. Disse-lhe que lhe telefonava de volta. Depois liguei ao Javon e disse-lhe o que estava a acontecer.

Javon: Eu não queria ir. Nessa altura, eu estava tão frustrado. Tinha visto todos esses artigos nas notícias todos esses shows na TV. Tudo era Michael Jackson, Michael Jackson, Michael Jackson. Foram até ao ponto de perguntarem aos concorrentes de Dancing with the Star, como é que eles se sentiam acerca do falecimento de Michael Jackson.

Tudo bem com as pessoas que diziam, “Bem, ele era um grande artista e nunca vamos esquecer a sua musica”, Isso não me aborrecia. Mas eu não podia suportar todas aquelas celebridades surgindo do nada, tentando agir como se fossem os seus melhores amigos, como se eles falassem com ele diariamente. As pessoas diziam coisas como, “Sim, eu estive com Michael cerca de um ano atrás…” Eu simplesmente olhava para a TV tipo, Não, não estavas. Eu estava com ele o tempo todo e tu não estiveste lá.

Eu sabia que este funeral ia ser falso. Eu não queria estar à volta de falsidade. Sabia que podia não ser capaz de manter a minha compostura. 

Eu disse ao Bill, “ Se eu for, eu vou magoar alguém a sério", Eu queria prestar a minha homenagem e ter o meu tempo a sós com o Sr. Jackson, mas eu sabia que isso não ia ser assim. Eu já estava apreensivo acerca disso, quando Bill me ligou por causa da “Amiga”. 

Então eu disse, “Bill, tu vais em nossa representação, e dás o meu bilhete a ela. Ela deve lá estar.”

O Bill disse, “Tens a certeza?”

Eu disse, “Sim, tenho a certeza.”

Bill: Parte de mim também não queria ir, pelas mesmas razões, mas eu estava mais devastado com isto, do que o Javon. Eu sentia que era importante comparecer.

Liguei para a “Amiga” e mantive-me em contato com ela, combinei encontrar-me com ela em Los Angeles. Ela nem sequer estava nos Estados Unidos quando telefonou, veio da Europa em menos de um dia.

Na manhã do memorial, dirigi-me ao SLS Hotel, em Beverly Hills, onde eles estavam a distribuir os bilhetes. Entrei e esperei na fila, peguei os bilhetes e sai para esperar pela “Amiga”. Vi muitas pessoas que tinham ganho bilhetes na rádio, estavam a oferecer na rádio. Podiam ganhar um lugar no memorial de Michael Jackson. Isso aborreceu-me. 

Finalmente ouvi uma voz por trás de mim, chamar “Bill”. Voltei-me e era a “Amiga”. Ela continuava a chorar, parecia como se ela não tivesse parado de chorar nos últimos dez dias. Ela veio ter comigo. Dei-lhe um grande abraço e o bilhete. Depois não a voltei a ver de novo, até estarmos os dois lá dentro.

Do lado de fora do Staples Center, era uma loucura. Polícia por todo o lado. Quarteirões e quarteirões foram isolados. Eu estacionei numa garagem, a uns dez quarteirões de distancia, e vim a pé. Os seus fãs faziam filas na rua, por trás das barricadas da polícia, segurando letreiros e flores. Pessoas estavam vestidas como ele, com óculos de sol espelhados e fedora. Milhares de pessoas.

Depois de ter entrado e ter chegado ao meu lugar, eu poderia dizer de imediato, que aquilo ia ser exatamente aquilo que nós pensamos que ia ser. Não ia ser verdadeiro, uma coisa genuína. Ia ser Hollywood, um lugar para serem vistos, um quem é quem. Olhei à volta e vi todas aquelas celebridades. Pessoas a falar a rir a socializar. Até os Kardashians estavam lá. Verdade? Javon teria perdido a cabeça se tivesse visto isto.

Havia cerca de 1.500 pessoas na secção onde eu estava, e eu apenas vi cerca de quarenta ou cinquenta pessoas que estavam genuinamente de luto. Eu vi a rapariga do carro vermelho que costumava estar sempre parada no lado de fora da casa de Monte Cristo. Ela estava lá. Quando eu a vi, disse para mim próprio, estes é que deviam estar aqui. Eles deveriam ter pegado em todos naqueles falsos idiotas e tê-los posto na rua, abrirem as portas e deixarem os seus fãs entrar, eles eram os únicos que mereciam estar ali para ele. 

Os seus fãs, foram os únicos que nunca o abandonaram. Sempre que os fãs diziam “We love you Michael” ele dizia sempre, “I love more” e ele estava a falar sério. Eles significavam mais para ele, do que o que ele dizia. Ele preocupava-se profundamente com eles, de certa maneira eles constituíam o único relacionamento sustentado, cometido em sua vida. Um verdadeiro caso de amor.

Depois do programa começar, eu não prestei muita atenção ao que se passava no palco. Eu estava mais perdido nos meus pensamentos. Senti como se todas as pessoas que ali estavam, se despediam de uma pessoa diferente da que eu me despedia. Todos os artista que estavam atuando – Usher, Mariah Cary, John Mayer – Eu não prestei muita atenção. A “Amiga” estava certa, Isto não era um memorial, isto era um show. Era exatamente o que isso era.

No final, eles trouxeram a família Jackson para o palco. Alguns dos irmãos disseram algumas palavras e em seguida, alguém disse: "Paris quer dizer alguma coisa." Quando eu ouvi isso? Fui direto ao bolso do casaco, tirei os meus óculos de sol e coloquei-os. Eu sabia que eu iria ficar em lágrimas, no minuto que ela começasse a falar. Ela chegou-se e eles deram-lhe o microfone. Ela começou a falar e quando ela disse, “O Pai era o melhor pai que possam imaginar”. Eu fiquei perdido, completamente perdido. Nem sequer ouvi o resto do que ela disse. Foi muito doloroso. Eram palavras que eu não queria ouvir.

Depois ela começou a chorar, e nesse momento eu percebi que nunca a tinha ouvido chorar, antes. Eu só tinha visto aquela menina sempre alegre, a sorrir e a rir. Prince e Blanket também. O Price chorou quando ele teve que deixar o seu cão em New Jersey, mas essa foi a única vez. Excepto esta, eu nunca vi aquelas crianças chorar, magoados ou chateados. Eram apenas crianças muito felizes. Eles amavam o seu pai, e amavam-se uns aos outros. Eles eram uma família feliz, sempre.

Depois da Paris ter falado, o Marlon Jackson veio agradecer a todos por terem vindo. Ele e os outros irmãos foram para junto do caixão para o levar para fora do palco. Man in the Mirror, começou a tocar e as pessoas gritavam “ Nós amamos-te Michael”. 

Olhando para tudo o que estava a acontecer, houve uma memória que me veio ao pensamento, a conversa que tive com a Grace, na casa de Monte Cristo, quando comecei a trabalhar lá. Eu e ela estávamos na garagem. Eu estava a reunir alguns equipamentos de segurança e a Grace estava na pequena estação de trabalho que ela tinha criado, O Sr. Jackson tinha-lhe dito para ela tentar entrar em contato com alguém.

Ela estava a ficar frustrada e disse: "O chefe quer que eu entre em contato com esta pessoa, e eu continuo a deixar mensagens, mas ninguém me está a ligar de volta. É como se ele se esquecesse às vezes, que as pessoas não querem ter nada a ver com ele depois de toda essa confusão".




Trecho do livro “Remember the Time: Protecting Michael Jackson in his Final Days”

Fonte: books.google.pt
Transcrição e tradução: Espaço Michael Jackson


3 comentários:

  1. Perfeito o que o segurança diz.. sinto o mesmo.. só acho que Usher e Chris sentiam por Michael... nestes eu vi dor... fora os filhos e a mãe Katherine...

    ResponderEliminar
  2. Acho que os fãs que deviam estar lá dentro prestando suas homenagens e não algumas pessoas que se diziam amar Michael, mas na verdade não o amavam. Os fãs sim foram fiéis e leais a ele e continuam sendo até hoje o defendendo de pessoas maldosas e levando em frente o seu legado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estou completamente de acordo consigo!
      Rodeado de gente falsa até ao final...

      Eliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...