07/08/2014

Entrevista – MJJC com Bill Whitfield e Javon Beard



MJJC: O que vos fez querer escrever um livro?

Bill & Javon: Nós escrevemos Remember the Time, porque tínhamos uma história para contar sobre o Michael Jackson que conhecemos. Se você é um fã e apoiante de Michael Jackson, merece conhecer mais o seu lado pessoal, e não apenas quem ele foi, mas o que ele suportou como homem e como pai. Merece um relato verdadeiro daqueles que estavam lá, não daqueles que só podem repetir o que ouviram em segunda mão.

Lutamos muito tempo sobre se deveríamos ou não escrever um livro. Fundamentalmente, estamos de acordo com aqueles que dizem que o Sr. Jackson merece a sua privacidade e merece descansar em paz. Mas em última análise, chegamos à conclusão de que os seus fãs merecem saber, e espero, de alguma forma, ele trará o encerramento para alguns e verdade para outros. Nós também sentimos a obrigação de dizer ao mundo sobre o nosso tempo com o Sr. Jackson, porque realmente não há mais ninguém para contar essa parte da história. Durante o tempo que o Sr. Jackson passou em Las Vegas, entre o seu regresso da Irlanda e o início de "This Is It", simplesmente não havia muita gente à sua volta. Muitas vezes, as únicas pessoas lá éramos nós, o Sr. Jackson, e os três filhos. Ao Sr. Jackson foi roubada a oportunidade de contar a sua própria história, e as crianças eram jovens demais para saberem muito do que realmente estava a acontecer na época. Restamos nós. Se o mundo quer entender totalmente o que aconteceu com este amado e incrível homem, esta é uma história que precisa ser contada. Nós já sabemos como Michael Jackson morreu. Nosso objetivo é ajudar as pessoas a entender o porquê.

MJJC: Quanto tempo vocês levaram para escrever o livro? Foi um desafio colocar a experiência de proteger Michael Jackson em palavras? Por favor, contem-nos sobre esta experiência.

Bill & Javon: A parte mais longa e mais difícil do processo foi encontrar a editora certa que entendesse a nossa abordagem e a nossa filosofia. Quando ele estava vivo, o mundo de Michael Jackson estava cheio de abutres que procuram tirar partido dele em todos os sentidos possíveis. Vimos com ele e vimos isso de novo depois que ele faleceu, na forma como as pessoas se aproximaram de nós sobre a nossa história. Houve um longo processo de entra e sai, de entrevistar possíveis colaboradores, perto de dois anos. Uma vez que encontramos os parceiros certos, pessoas em quem cofiávamos e com quem nos sentimos confortáveis, a escrita real do livro, na verdade, levou cerca de um ano. Passamos vários dias reunidos relembrando e apenas contando a nossa história, e depois, durante os meses seguintes passamos horas ao telefone a repassar capítulos, fazer edições, e assim por diante.

No início, foi difícil falar sobre a nossa experiência. Muitas vezes ficávamos com raiva, ao pensar: "Havia mais que pudéssemos ter feito?" Foi também doloroso reviver algumas das coisas más que aconteceram com ele. Ele não estava em paz a maior parte do tempo, por causa de quão mal ele foi retratado pela comunicação social, porque havia tanta gente em quem ele não podia confiar. Nós sempre quisemos protegê-lo disso, mas havia algumas coisas que simplesmente não podíamos controlar. Mas quanto mais nós escrevíamos e revivíamos os momentos que compartilhamos com o Sr. Jackson, mais nós sabíamos que estávamos a fazer a coisa certa.

MJJC: A maioria dos livros sobre Michael são escritos com muito sensacionalismo. O vosso não é. Porquê isso, e porquê vocês fizeram a abordagem no geral de um relato falado?

Bill & Javon: Sensacionalismo era o oposto do que nós queríamos escrever. Primeiro de tudo, o nosso tempo com o Sr. Jackson não foi "sensacional" seja na boa maneira ou na má maneira. Não houve grandes escândalos nos tabloides, mas também não havia concertos em estádio lotado. A maioria dos nossos dois anos e meio com o Sr. Jackson foram um tempo tranquilo, em que ele estava focado quase inteiramente em criar os seus filhos e dar-lhes um lar. Havia muita tensão e drama acontecendo com sua família e com os seus negócios, mas não grande espetáculo, de modo que, contando a nossa história é uma oportunidade de ver quem o homem realmente era longe das câmaras.

Nós dizemos sempre às pessoas que nós não trabalhávamos para o Rei da Pop. Nós trabalhámos para Michael Jackson. Eram duas pessoas diferentes. Foi só no final, quando o mecanismo de This Is It começou em Los Angeles, que vimos o espetáculo tabloide assumir o controle, e não de uma forma saudável. Mas nós não fazíamos diretamente parte disso. Ficamos em Las Vegas, a tratar de alguns dos negócios do Sr. Jackson lá, e estava previsto juntarmo-nos a ele, em Londres para fazer a segurança na propriedade que ele ia alugar.

Nós escolhemos contar a história da maneira que o fizemos, através da nossa própria conversação pessoal, para dar aos leitores a sensação de estarem lá quando as coisas aconteceram. Muito do que se leu sobre Michael Jackson ou o coloca num pedestal ou o jogam na sarjeta. Nós queríamos um livro que desse ao Sr. Jackson o seu próprio respeito e honrasse o seu legado, mas também um livro que fosse realista e o mostrasse como uma pessoa real, todos os dias, porque é isso que a maioria das pessoas não entendem a respeito dele. Os tabloides sempre o quiseram pintar como uma caricatura, mas por trás do Rei da Pop espetáculo, havia um ser humano real, que estava cheio de amor e generosidade, mas que também sofria de dor e solidão. Queríamos mostrar ao mundo o ser humano real, porque Michael Jackson merece ser tratado como uma pessoa.
Também escolhemos contar a história pelo nosso próprio ponto de vista, a fim de evitar toda a especulação de segunda mão e da reciclagem das histórias dos tabloides em que outros livros sobre Michael Jackson sempre confiaram. Dada a forma como a comunicação social tratou a vida do Sr. Jackson, até hoje nós realmente não confiamos em nada escrito sobre ele, que nós não tivéssemos testemunhado em primeira mão. Além de fazer referência a informações bem documentado sobre o passado do Sr. Jackson (como quantos álbuns Thriller vendidos) e usando alguns factos básicos estabelecidos nos registos públicos (como a forma como a hipoteca de Neverland foi tratada), o livro é estritamente um relato do que vimos e ouvimos e do que nossas reações e sentimentos eram. Nós queríamos que fosse o mais honesto e verdadeiro possível.

MJJC: Muitas pessoas do passado de Michael usaram o conhecer/trabalhar com ele para ganhar dinheiro. Podem nos dizer se essa foi a vossa motivação para escrever este livro?

Bill & Javon: O dinheiro nunca foi a nossa motivação. Nós recusamos ofertas de dinheiro de tabloides que queriam-nos para lavar roupa suja nos elementos mais escandalosos da vida de Michael Jackson. (Na realidade nós não temos muita sujidade para lhes dar, porque não é esse, o homem que nós conhecemos.) Como discutimos na introdução ao livro, nós não vendemos isto por um grande adiantamento para uma grande editora em busca de segredos de tabloide. Nós fomos para uma pequena editora que estava disposta a pagar um adiantamento modesto para ter a chance com o tipo de livro que nós queríamos escrever. Nós também não ficamos com nenhum desse dinheiro adiantado, para nós. Investimos em certificarmo-nos que a história do Sr. Jackson seria bem feita. Com a maior parte dele, nós pagamos ao escritor, Tanner Colby, um autor best-seller do New York Times, porque sentimos que iria lidar com a história com o respeito que merece. O resto foi para cobrir diversas despesas, como viagens para encontros com os nossos editores e assim por diante. A única maneira de ganhar dinheiro com este livro é no fim. Se vocês, os fãs, decidirem que fizemos um bom trabalho e este é um livro que você escolherem para apoiar, será a nossa recompensa.

MJJC: Qual era a vossa opinião sobre Michael antes de começarem a trabalhar para ele? Será que a vossa opinião mudou, depois de trabalhar para ele?

Bill & Javon: Nós dois sempre fomos grandes fãs de Michael, mesmo antes de trabalhar para ele. Bill ainda tem todos os velhos singles de 45 rotações de quando crescia com o Jackson 5. Javon literalmente tinha "Smooth Criminal", criado como toque no seu telefone móvel, quando ele recebeu o convite para vir trabalhar para o Sr. Jackson. Nenhum de nós nunca acreditou nas acusações feitas contra ele, ou qualquer uma das outras coisas loucas impressas na comunicação social. Ele sempre me pareceu tão doce e suave a falar, como se ele não pudesse fazer mal a uma mosca.

Infelizmente, como acontece com muitas celebridades cujas vidas são distorcidas pelos tabloides, não se pode acredita no que está a ser dito, mas não se tem conhecimento pessoal para dizer o contrário. Então, quando nos foi dada a oportunidade de trabalhar para ele, nós demos mais atenção a ele e às suas ações e vimos coisas que validaram aquilo porque sempre acreditamos nele. Vimos o quanto ele era um pai que punha ‘as mãos na massa’, como ele se importava tanto com os menos afortunados. Então, a nossa opinião sobre ele realmente não mudou, mas foi bom saber que o Michael Jackson que apoiava-mos como fãs não era o Michael Jackson que tinha sido divulgado na comunicação social.

MJJC: Michael tinha uma estação de rádio favorita/músicas para ouvir enquanto no carro/SUV?

Bill & Javon: Sr. Jackson só ouvia música clássica no carro. Às vezes, se um de nós tinha o rádio em uma estação de R & B, ele nos pedia para deixar estar, mas caso contrário, era quase sempre clássica, com uma exceção. Havia uma canção que tocou no rádio, e depois de ouvi-la, ele quis que nós fossemos à Best Buy, comprá-lo para ele. Então ele pôs isso repetidas vezes a tocar no carro, cantando junto no banco de trás, e ele cantou essa canção com convicção . Era música que realmente falava com ele e os desafios com que ele estava a lidar. Mas para isso tem que ler o livro.

MJJC: Michael convidava sempre os fãs para passar algum tempo dentro de sua casa?

Bill & Javon: O Sr. Jackson muitas vezes convidou os fãs para visitar Neverland, mas nas casas que ele alugou em Las Vegas não eram o mesmo. Não eram casas que ele quisesse mostrar e receber pessoas lá dentro. Eram apenas lugares para ficar. Por isso, nunca tivemos fãs lá dentro. Na maior parte do tempo que passamos em visitas com os fãs foi no carro, no caminho ao entrar e sair de casa. Nós parávamos sempre e ele dizia olá e conversava um pouco.

Enquanto vivia em Las Vegas, o Sr. Jackson estava à procura de uma nova limousine, e uma noite de verão providenciámos para que ele fazer um test drive numa SUV stretch limousine. O veículo tinha lugar sentado para dezasseis pessoas. Assim que nós saímos para fora da entrada da garagem, havia cerca de cinco fãs sentados fora do portão. Sr. Jackson disse ao motorista para parar o veículo, abriu a janela, e perguntou aos fãs se eles queriam ir fazer um passeio. Então ele abriu a porta e pularam para dentro. Nós conduzimos por cerca de 45 minutos, e o Sr. Jackson e seus fãs apenas conversaram casualmente. Dar cabo dos nervos, foi como isso foi para nós como seguranças, tudo correu bem. Ele adorou e assim o fizeram.



MJJC: ? Já alguma vez ouviram Michael falar sem o seu falsete

Bill & Javon: Não. Sr. Jackson sempre falou com a mesma voz calma, fala suave, que ele usava em público.

MJJC: Michael adorava ler muito. Tanto quanto vocês sabem, ele gosta de romances ou ele preferia ler autobiografias ou livros com histórias reais? Se ele preferia romances, qual era seu género favorito?

Bill & Javon: O Sr. Jackson lia sobre qualquer coisa onde ele pudesse colocar as suas mãos. Estávamos constantemente a deslocarmo-nos à Barnes & Noble, deixava-mos cinco, dez mil dólares em livros numa única noite. Se havia uma preferência particular que ele tinha, não sabemos dizer. Se havia um livro que o vi ler com mais frequência, foi a Bíblia.

MJJC: Pode dizer-nos as diferenças entre o Michael público e o Michael privado?

Bill & Javon: O Michael Jackson público era um artista. O Michael Jackson privado era um pai, um filho. O Michael público era muito consciente da sua imagem. Quando ele sabia que ia para algum lugar e ia lá estar um monte de câmaras, ele voava para o seu cabeleireiro e obtinha uma roupa feita por um designer de topo. Ele iria passar 4 a 5 horas apenas preparando-se para as câmaras e luzes. O Michael privado, adorava simplesmente estar com seus filhos, assistir filmes, comer pipoca, e andando pela casa de pijama, sem um cuidado no mundo.

MJJC: Vocês podem descrever um dia típico na vida de Michael Jackson?

Bill & Javon: O lado dos negócios na vida de Michael Jackson era uma máquina em andamento. Através de sua gestão e dos seus representantes legais, os seus dias eram muitas vezes pré-programado com conferência e reuniões. Cada dia um itinerário era preparado para o Sr. Jackson de onde ele precisava estar, com quem precisava falar. Às vezes, ele seguia o cronograma à risca, e outras vezes ele dizia, pro inferno com a programação e fazia tudo o que ele queria fazer.

MJJC: Ao proteger Michael, qual foi a coisa mais assustadora que o viram fazer que os levou a preocuparem-se com sua segurança?

Bill & Javon: Para ser honesto, no começo o maior desafio foram vocês: os fãs. Tal como acontece com todas as celebridades com quem já trabalhei, é sempre sobre como manter os fãs e as multidões no comprimento do braço. Toda a gente é uma ameaça potencial. Claro, a relação do Sr. Jackson com seus fãs era diferente. Ele abria a janela do carro e acenava às pessoas para conversar, para estar com eles. Sendo segurança, o nosso instinto natural era tentar ficar no meio a agir como um amortecedor, mas o Sr. Jackson dava-nos sempre sinal à parte e dizia: "Sejam amáveis com os meus fãs. Eles nunca vão deixar nada acontecer comigo”. Ele sabia que seus fãs eram os seus maiores defensores e protetores.

Fora isso, por causa da segurança dos seus filhos, o Sr. Jackson era híper vigilante sobre segurança. Tendo sido um dos homens mais famosos do planeta toda a sua vida, ele sabia tudo o que há para saber sobre proteção pessoal e privacidade, por isso era raro ele colocar-se em qualquer tipo de situação perigosa. Ele estava consciente do fã que atirou e matou John Lennon. Ele sabia que algumas pessoas eram excessivamente obcecado por ele e ele estava com medo de alguém se fizesse passar por um fã para chegar perto o suficiente para o prejudicar. Então, o Sr. Jackson pode ter baixado a guarda para estar perto do seus fãs, mas como sua equipe de segurança nós nunca o fizemos.

MJJC: Como Michael lidava com todo o lixo de tabloide que foi escrito sobre ele? Como era a experiencia de Michael com o computador? Ele usa a internet com frequência? Quais os sites que ele visita? Os seus filhos tinham permissão para usar a televisão ou a Internet?

Bill & Javon: Ele não lidava com isso. Ele recusava-se. Ele afastou isso completamente fora da sua vida. Ele não queria que seus filhos expostos a isso. Visto que vários apresentadores de talk show ainda troçavam e faziam piadas com ele, não havia transmissão ou TV a cabo naquela casa. Eles só assistiam a filmes e shows em DVD. Os únicos jornais que ele lia regularmente eram o Wall Street Journal eo Robb Report , porque nenhum deles tem notícia de tabloide. Sempre que íamos a bancas de jornais e livrarias, os seus gerentes informavam-nos se algum jornal ou revista atual dizia coisas negativas sobre ele. Se houvesse, um de nós ia com antecedência para remover todas essas edições das prateleiras. Pela mesma razão, ele nunca ia à internet e nunca permitiu que as crianças fossem a não ser que eles estivessem monitorados. As únicas vezes que ele navegou na web, foi depois de Bill lhe ter mostrado como fazer compras e licitação de itens colecionáveis, no eBay .

Depois de ele se afastar dos meios de comunicação social, o canal principal de "notícias" do Sr Jackson eram vocês, os seus fãs. Ele lia cada carta que recebeu; nós levávamo-lo em viagens longas e ele sentado na parte de trás, ia a ver o correio. Ele recebia cartas de pessoas a falar sobre as suas experiências pessoais na China, no Oriente Médio, de todo o mundo. Davam-lhe sugestões sobre o que ele deveria cantar. Essas cartas foram a sua inspiração e a sua conexão com o mundo exterior.

MJJC: Conte-nos um pouco mais sobre a relação de Michael com seus filhos. Como é que Michael disciplinava os seus filhos?

Bill & Javon: Não é nenhuma surpresa para os membros do MJJCommunity, que o Sr. Jackson era um pai amável e amoroso. O que as pessoas podem não saber é o quão atento e empenhado que estava em todos os aspetos da sua educação. Ele cumpria todos os requisitos exigidos pelo estado sobre a educação escolar em casa, e reunia-se todas as semanas com a professora para ver os seus planos de aula, certificando-se de que as crianças estavam a atender e superar todos os objetivos necessários. Se saíssemos de casa e estava frio e Blanket não levou o seu chapéu e luvas, nós recebíamos um telefonema: "Voltem para a casa. Vocês esqueceram-se das luvas”. Ele estava presente em tudo, em todos os sentidos. É seguro dizer que ser pai era a coisa mais importante na vida de Michael Jackson naquele momento, mais do que a gravar, actuar, e assim por diante. As crianças ficavam em primeiro lugar, não importava o quê.

Para ser honesto, o Sr. Jackson não tinha que disciplinar os filhos com muita frequência. Geralmente, eles eram muito bem-comportado, muito corteses, sempre "por favor" e "obrigado" por tudo. Blanket era o curinga, o rebelde. Quando um deles se comportava mal, ou se um deles fez mal um trabalho escolar, ele tinha uma conversa séria com eles, ou ele podia tirar-lhes alguns dos seus privilégios, como cancelar uma noite de cinema ou algo parecido. Mas mesmo isso era raro. Ele era um excelente pai e ele criou essas três crianças com bom caráter e bons valores, e vocês podem ver isso na forma como eles lidam com a enorme pressão que têm sido postas sobre eles desde que ele faleceu.

MJJC: O Michael nunca ia a discotecas, enquanto vivia em Las Vegas?

Bill & Javon: Em Vegas, o Sr. Jackson estava muito focado em ser pai, ajudando as crianças com as lições de casa todas as noites, levantar-se cedo para lhes fazer de pequeno-almoço e a vesti-los de manhã para irem à escola. Então, não havia grandes noitadas. Fomos a um concerto de Prince na Strip, e o Sr. Jackson recusou um convite para ir ao backstage falar com o Prince. Já era tarde e os seus filhos ainda estavam acordados, e ele sabia que não iriam dormir até que ele chegasse a casa. Então nós o levamos direto para casa.

Nós fomos a um club noturno quando ele estava hospedado no Palms, em Janeiro de 2008. O Sr. Jackson só queria sair e ver algumas pessoas. Este clube tinha uma varanda VIP que dava para a multidão, então nós programamos para ele ir lá em baixo. Estávamos no clube talvez há dois ou três minutos, quando o deejay começou a tocar uma de suas músicas; eles foram misturando junto com um monte de outras músicas. O Sr. Jackson ia cantarolando junto com elas, e ele disse: "Uau, eu não sabia que eles ainda tocavam a minha música."

Nós dissemos-lhe, "O quê? senhor, eles continuam a tocar a sua música o tempo todo. Em bares, clubes, em todos os lugares."

Ele disse: "Sério?"
Ele pareceu surpreendido. Tinha estado fora dos holofotes e espancado pelos tabloides por tanto tempo nessa época, que ele realmente sentia que talvez o mundo tivesse mudado, e que ele não era mais tão popular. E realmente ele ficou feliz ao ouvir assim as suas músicas no clube.

MJJC: Quando foi o mais feliz que o viu? Quando foi o mais triste?

Bill & Javon: O mais feliz que já o vi foi durante os tranquilos, momentos simples, como quando nós os levávamos a ele e às crianças furtivamente para o cinema para que ele pudesse ver um grande filme de ação no dia da inauguração e se divertir com um grande público como uma família normal, ou durante os meses que passou na Virgínia, quando ele e seus filhos ficaram numa casa com um quintal enorme. De longe podia-se ver os quatro correndo pela casa, a brincar e a rir. Foi bom ouvi-lo rir. Ele ria alto, também.
O mais triste que já vi, sem dúvida, foi quando seu irmão Randy colidiu pelo portão da frente com o seu carro e sentou-se na calçada, exigindo dinheiro, arruinando a chance do Sr. Jackson participar da festa de aniversário de Elizabeth Taylor. Você tem que ler o livro para obter toda a história, mas depois que isso aconteceu, o Sr. Jackson desapareceu para dentro do seu quarto e nós não o vimos ou ouvimos durante três dias.

MJJC: Michael nunca vos ensinou o Moonwalk ?

Bill & Javon: Ele nunca nos mostrou como fazer o Moonwalk, mas ele nos contou como ele fez o Lean em "Smooth Criminal". Extraordinário!

MJJC: Quem na vossa opinião era grande amigo de Michael? Que estavam junto dele no bom e no mau? Quem era a pessoa com quem Michael falava com mais frequência no telefone?

Bill & Javon: A mãe do Sr. Jackson foi provavelmente a única pessoa que abnegadamente permaneceu com ele através de toda esta loucura. Havia aqueles que, como Miko Brando, Chris Tucker, Eddie Griffin e o reverendo Jesse Jackson, que o visitavam algumas vezes, e suas amizades pareciam ser genuínas, mas foi o seu relacionamento com sua mãe que ele acarinhou e valorizou mais.

MJJC: Michael contava piadas?

Bill & Javon: Sr. Jackson tinha um grande senso de humor. Ele costumava brincar e rir com seus filhos e com a gente. Nós definitivamente fizemos um esforço para capturar isso no livro, porque muito do que está escrito sobre ele, não mostra esse lado maravilhoso dele.

MJJC: Já houve um tempo em que você viu Michael fica particularmente irritado por uma razão ou outra? Você pode nos contar sobre um momento em que ele perdeu a paciência?

Bill & Javon: Sr. Jackson era famosamente não conflituoso. Ele não gostava de conflitos, mas dada a forma como ele foi tratado pelos paparazzi e algumas pessoas na indústria, ele tinha muitos motivos para ficar zangado. Às vezes, isso acontecia. Na maior parte do tempo, nós trabalhamos para o homem doce, gentil, que cantava "Heal the World", mas de vez em quando nós víamos o sujeito de "Scream".

Uma tarde, na primavera de 2007, o Sr. Jackson estava com o telemóvel do Bill numa teleconferência com seu empresário e seu advogado. Ouvimos um estrondo no trailer de segurança e corremos para a cozinha para ver que ele tinha atirado o telefone pela placa de vidro da porta, quebrando-o em mil pedaços. Ele tinha a cabeça entre as mãos, dizendo: "Eles são todos demónios. Eu deveria ter o meu pai aqui para acabar com eles”. Depois, ele ofereceu-se para comprar um novo telemóvel para o Bill.

Houve uma outra ocasião, em Washington, DC, quando o Sr. Jackson viu uma câmara de segurança que ele pensou que estava a gravar imagens secretas de vídeo, de seus filhos. "Perdeu as estribeiras" só descrevendo a reação dele, mas para isso vocês terão que ler o livro. (ler aqui)

MJJC: Quantas vezes Friend e Flower visitaram Michael? Você já ouviu falar de qualquer uma delas, desde o memorial?

Bill & Javon: Friend e Flower só o visitaram enquanto nós estávamos em Virgina, e separadamente, é claro. Desde o memorial, Bill tem se comunicado ocasionalmente com Flower via e-mail, geralmente por volta do aniversário da morte de Michael Jackson ou no seu aniversário.

MJJC: Ele parecia saudável / pronto para os concertos This Is It? Ele estava com medo? Apreensivo? Não queria fazê-lo, mas teve que fazer?

Bill & Javon: A maior parte das vezes, o Sr. Jackson sempre pareceu de boa saúde, mas muitas vezes ele mencionou que não estava pronto para o mesmo tipo de rigor das performances atléticas que ele deu durante as turnês Bad e Dangerous. Ele tinha 50 anos de idade, e alguns desses anos foram bastante difíceis para ele. A voz dele estava em grande forma, tão surpreendente como sempre, mas estes promotores estavam a fazer exigências físicas que ele sabia que não estava à altura. Quando foi lançada a ideia de fazer cinquenta espetáculos, ouvimos ele ao telefone dizer: "Eu não posso fazer cinquenta shows. "Ele disse que essas pessoas estavam loucas por lhe pedirem para fazer isso. Mas o que estava a acontecer com os seus negócios, ele tinha sido encurralado num canto onde lhe disseram que ele não tinha escolha. Não foi algo que ele fez com grande entusiasmo.

MJJC: Vocês dizem que falaram com Michael pouco antes de ele morrer. Ele parecia feliz? Podem falar sobre o vosso último telefonema com ele? Qual foi a última coisa que Michael vos disse? 

Bill & Javon: As nossas últimas conversas com o Sr. Jackson foram apenas breves telefonemas sobre o cotidiano, questões relacionadas com o trabalho. Nada terrivelmente significativa foi dito, porque ninguém sabia o que ia acontecer. A última conversa de Javon com o Sr. Jackson foi várias semanas antes de ele morrer; o Sr. Jackson telefonou para verificar algumas coisas que tinha em armazenamento em Las Vegas e perguntou como estava a família de Javon, o que ele fazia sempre. A última conversa de Bill com o Sr. Jackson veio poucos dias antes de seu falecimento. Ele parecia estar de bom humor. Nós estávamos em Vegas, a trabalhar nos planos para a segurança na propriedade de Londres, e o Sr. Jackson telefonou porque ele disse que nos queria em LA e queria tomar providências para nós irmos para lá. Nós não chegamos a Los Angeles a tempo.

MJJC: Do que vocês mais sentem falta dele

Bill & Javon: Principalmente, sentimos falta dos momentos tranquilos, momentos simples, observando-o a desfrutar da vida como um pai, como vê-lo a tentar pentear o cabelo de Paris e não o fazer bem, ou a dizer a Blanket para não vaguear lá fora ou ajudar Prince e Paris com as suas pequenas brigas entre irmãos. Também sinto falta de ter longos passeios com ele e falarmos simplesmente de tudo o que vinha à tona. Dele a pedir-nos para pôr o rádio baixo e nos perguntar sobre as nossas famílias e como estavam os nossos filhos. Víamos uma rapariga a andar na rua e ele perguntava se nós achávamos que ela era bonita e se disséssemos que não era o nosso tipo, ele dizia que precisávamos de óculos, porque ela era bonita. Também sinto falta da emoção de estar com dele e nunca saber o que o dia nos traria.

MJJC: Finalmente, há alguma mensagem que vocês queiram enviar aos membros do MJJCommunity e aos fãs em geral, de Michael Jackson?

Bill & Javon: Os fãs devem saber que, exceto a mãe do Sr. Jackson e os seus filhos, eles (os fãs) eram a prioridade número um na sua vida. Ele sempre os acarinhou pelo apoio que lhe deram através de todos os altos e baixos, e amava-os por nunca lhe terem virado as costas. Ele sempre soube que sem os fãs, não haveria Rei da Pop. Ele devia tudo a vocês. E nós devemos, também. Como se diz no livro, não haveria livro sem o apoio e amor dos fãs do Sr. Jackson. Nós escrevemos Remember the Time para vocês. É bom saber que somos apoiados, e sem vocês nada disso teria sido possível. Muito amor para todos os fãs e apoiante do Sr. Jackson.

Fonte do texto: mjjcommunity.com
Tradução: Espaço Michael Jackson

Bill Whitfield e Javon Beard, especialistas na área de proteção privada, serviram durante dois anos e meio como a equipe de segurança pessoal de Michael Jackson. Autores do livro “Remember the Time: Protecting Michael Jackson in his Final Days”.



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